Confira as principais frases de Lula durante primeira entrevista coletiva após decisão do STF

Ex-presidente falou sobre cenário internacional, pandemia, relações com STF e Sérgio Moro além de manifestar duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou, nesta quarta-feira, 10, o seu primeiro discurso após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin que anulou suas condenações na Lava Jato. Na ocasião, o petista deixa para trás detalhes do processo ao qual responde na Justiça — que costumava ser o foco de suas últimas declarações — e ficou em temas mais próximos da situação do país.

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Se aproximando de sua postura de quando era candidato, com um discurso mais apaziguador, Lula comentou sobre os efeitos da pandemia, sempre agradecendo aos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), exaltou a vacinação, acenou a líderes internacionais, pediu diálogo com militares e falou sobre economia e distribuição de renda.

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 "Não tenham medo de mim", afirmou. "Eu sou radical porque quero ir na raiz dos problemas deste país" —, embora tenha dito que "é cedo" para pensar em candidatura para 2022.

Críticas a Bolsonaro

Durante seu discurso, Lula não desperdiçou críticas a presidente da República, Jair Bolsonaro. Ao comentar sobre a gestão da crise de Covid-19 no Brasil, o petista ressaltou: "Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde: tomem vacina!"

Ao falar sobre as fake news, Lila disse que a disseminação de notícias falsas foram responsáveis por eleger Donald Trump, nos EUA, e Bolsonaro, no Brasil. "Esse país não tem governo", disse o petista. Ele disse ainda que Bolsonaro "não sabe o que é ser presidente da República." "A vida inteira ele não foi nada. Ele nem era capitão, era tenente, foi promovido porque se aposentou."

"Esse país não cuida da economia, não cuida do emprego, do salário, da Saúde, do meio ambiente, da Educação, do jovem, da menina da periferia. Ou seja, do que que eles cuidam?", indagou.

"Há quantos anos vocês não ouvem as palavras 'investimento', 'desenvolvimento' e 'distribuição de renda'?

Também alfinetando o presidente, Lula reforçou defesa da Ciência: "O planeta é redondo. [O Bolsonaro] tem um astronauta no seu governo, ele voou num foguete quando eu era presidente. Se ele não dormiu, ele viu que a Terra é redonda", afirmou.

STF, Moro e Dallagnol

O ex-presidente também manteve tom bastante crítico ao mencionar o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da República integrantes da força tarefa da Lava Jato, precisamente Deltan Dallagnol, ex-coordenador do grupo. 

Após agradecer o ministro do STF, Edson Fachin, por sua decisão que anulou as condenações e voltou a afirmar sua inocência, Lula lembrou saber que esse dia chegaria. "Reconheceu que nunca teve crime cometido por mim", disse sobre o Ministro. Contudo, o ministro do STF não tomou nenhuma decisão sobre mérito, reconhecendo apenas que Curitiba não tem competência para julgar o seu caso. 

Lula também chamou os procuradores da Lava Jato de "quadrilha" e disse que o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Deltan Dallagnol devem estar sofrendo mais que ele. "Moro sabia que a única forma de me pegar era pela Lava Jato. Eles tinham como obsessão, queriam criar um partido político. Mas a verdade prevaleceu", afirmou.

Covid-19, vacinação e SUS


O ex-presidente se colocou na disposição para tomar "qualquer vacina que esteja à disposição". "Na semana que vem, eu vou tomar a minha vacina, não me importa de que país, não me importa se é uma ou duas, eu vou tomar minha vacina, e quero fazer propaganda para o povo brasileiro", afirmou.

Em uma das frases de maior impacto, o petista endureceu: "Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República e do ministro da Saúde, tome vacina. Tome vacina, porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do covid."

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"E não ache que você possa tomar a vacina e já tirar a camisa, ir pro boteco, pedir uma cerveja gelada e ficar conversando, não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, e você precisa continuar usando máscara e utilizando álcool em gel."

Em agradecimento aos "heróis do SUS" pela assistência na pandemia, ele lamentou o fechamento de negócios e responsabilizou o governo diante do problema. Lula disse também que precisa "montar uma frente ampla para combater a pandemia, para as vacinas" e que não é hora de "gastar energia" pensando em disputa eleitoral.

Economia

"O que o mercado quer? O mercado quer ganhar dinheiro investindo em coisas produtivas? O mercado tem que gostar de mim. O mercado quer ganhar dinheiro com a população consumindo? Tem que gostar de mim. Mas se o mercado quer ganhar dinheiro às custas da venda do patrimônio nacional, é melhor ter medo mesmo", disse o ex-presidente.

Completou: "Eu até gostaria de ver um dia esse mercado dizendo 'esse demônio Lula', de quem eles puxaram o saco durante tanto tempo", afirmou. "Eu nunca tive medo de conversar com eles. Vamos pegar os dados econômicos de quando eu entrei no governo e de quando eu sai."

Lula se posicionou contra a autonomia do Banco Central, afirmando que a posição "não interessa ao trabalhador", mas afirmou que não sabe "qual mercado" está receoso que ele se candidate.

Política de armamento e Forças Armadas

"Quem está precisando de arma são as nossas Forças Armadas. Quem está precisando de arma é a nossa Polícia, que muitas vezes sai para combater o crime com um 38 velho enferrujado", afirmou Lula, ao se posicionar contra o armamento da população e, ao mesmo tempo, acenar para a Polícia e às Forças Armadas.

Também ressaltou que, quando era presidente, foi o que mais investiu no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. "Em oito anos de presidência, nunca tive problema com os militares", disse. Mesmo questionado sobre possíveis tensões com a ala após nota do Clube Militar criticando a decisão de Fachin de anular suas condenações, Lula ignorou fala de militares da reserva e disse acreditar na boa relação com as Forças Armadas.

Contudo, o petista não deixou de criticar o general Eduardo Villas Bôas. Em 2018, ainda quando comandava o Exército, o militar publicou nas redes sociais um conteúdo pressionando o STF a não conceder habeas corpus a Lula. 

"Eu acho que o Villas Boas errou grave, e o Fachin errou de demorar três anos para comentar a pressão que ele fez. Mas eu acho que é plenamente possível a gente estabelecer uma relação democrática, muito civilizada, com os militares, para definir o que eles vão fazer na Constituição. E a gente pode trabalhar muito tranquilamente", lembrou. Completou afirmando que as pessoas não podem se preocupar "com um ou outro discursinho de pessoas que já estão aposentadas". 

Cenário internacional

"No tempo em que o PT governava esse país chegou a ser a sexta economia do mundo. Eu brincava com a França e a Inglaterra: eu já passei vocês, agora quero passar a Alemanha." O ex-presidente lançou agradecimentos a líderes internacionais e lembrou do apoio que recebeu do presidente argentino, Alberto Fernandes.

Misturando com a economia, Lula falou da posição do Brasil no cenário internacional, lembrando que, quando foi presidente do Brasil "o país era internacionalmente respeitado e tinha um projeto de nação".

Ciro Gomes e eleições em 2022


Indagado sobre as manifestações de Ciro Gomes (PDT), onde o pedetista questiona sua honestidade, e a possibilidade de integrar uma frente ampla com o ex-ministro, Lula disse que ele "precisa amadurecer". "Se o Ciro quer ser presidente desse país, ele precisa amadurecer. Ele tem [quase] 64 anos e não pode ficar falando a meninices que ele achava que era engraçado quando ele era jovem", afirmou.

Sobre a crítica feita por Ciro à ex-presidente Dilma Rousseff, a quem se referiu como um "aborto", Lula reagiu: "Se ele continuar com essas grosserias todas, ele não vai ter apoio da esquerda, não vai ter o respeito da direta e vai ter menos votos do que teve na eleição de 2018". "Se ele quiser ganhar confiança e responsabilidade, ele precisa aprender a tratar as pessoas com respeito", continuou.

O petista afirmou que aliança com partidos como PSDB e PCdoB "não é frente ampla", mas "frente de esquerda", o que já disse já ser feito há anos no Brasil. "Precisamos falar com mais setores", avaliou.

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