Fachin anula processos de Lula na Lava Jato, petista volta a ficar elegível
Com isso, ex-presidente vai poder disputar as eleições de 2022, sendo possível concorrente com Jair Bolsonaro.O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular todos os processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no âmbito da força tarefa. Na prática, essa medida torna o petista elegível, segundo a Lei da Ficha Limpa.
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Em nota, Fachin informou que entendeu entendeu que a 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba não era o juízo competente para processar e julgar os casos envolvendo o petista. A decisão envolve os quatro processos que envolvem o ex-presidente: o do sítio de Atibaia, do triplex, o de compra de um terreno para o Instituto Lula e o de doações para o mesmo instituto.
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“Inicialmente, retirou-se todos os casos que não se relacionavam com os desvios praticados contra a Petrobras. Em seguida, passou a distribuir por todo território nacional as investigações que tiveram início com as delações premiadas da Odebrecht, OAS e J&F. Finalmente, mais recentemente, os casos envolvendo a Transpetro (Subsidiária da própria Petrobras) também foram retirados da competência da 13ª Vara Federal de Curitiba”, disse o ministro.
Com a decisão, os processos serão analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, à qual caberá dizer se os atos realizados nos três processos podem ou não ser validados e reaproveitados.
Por ter caráter processual, o ministro não analisou o mérito das condenações. A decisão abrange também o recebimento de denúncias e ações penais. "Embora a questão da competência já tenha sido suscitada indiretamente, é a primeira vez que o argumento reúne condições processuais de ser examinado, diante do aprofundamento e aperfeiçoamento da matéria pelo Supremo Tribunal Federal", diz o texto da nota.
Na última sexta-feira, 8, dados da consultoria Quaest registraram uma queda expressiva no Índice de Popularidade Digital (IPD) de Bolsonaro e um crescimento cerca de 15 pontos do ex-presidente Lula. Seu IPD, que registrava 40,3 pontos em janeiro deste ano, passou a registrar 55,9 agora em março.
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Com a decisão, o ex-presidente vai poder disputar as eleições de 2022, sendo possível concorrente com Jair Bolsonaro (sem partido). A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que o ministro reconhece com cinco anos de atraso que o ex-juiz Sergio Moro não poderia julgar o ex-presidente Lula.
Parlamentares cearenses também repercutiram o fato. No Twitter, o deputado estadual Renato Roseno (Psol) afirmou faz que Fachin faz "justiça tardiamente", porém, "ajuda a revelar os capítulos do golpe que levou Bolsonaro, o pior presidente da história do Brasil, ao poder”. O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) também comemorou em seu perfil na rede social.
O governador Camilo Santana (PT) saiu em defesa da decisão do ministro do STF. Em prol de Lula, o chefe do Executivo estadual afirmou que a decisão "repara um erro grave e histórico". Já o deputado André Fernandes (Republicanos), opositor do ex-presidente, foi um dos primeiros bolsonaristas a repercutir decisão do ministro do STF. "Lula elegível não significa Lula eleito!", escreveu.
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Ex-ministro e possível candidato à Presidência da República em 2022, Ciro Gomes (PDT) criticou Fachin. "Não contem comigo para esse circo", afirmou o político em entrevista para a imprensa. “A tragédia brasileira não permite mais contemporização”, completou.
O apresentador e possível candidato nas eleições presenciais, Luciano Huck afirmou nas redes sociais que o novo presidente deve ser alguém que ainda não esteve no poder. “No Brasil, o futuro é duvidoso e o passado é incerto. Na democracia, a Corte Suprema tem a última palavra na Justiça. É respeitar a decisão do STF e refletir com equilíbrio sobre o momento e o que vem pela frente. Mas uma coisa é fato: figurinha repetida não completa álbum”, afirmou.