Ex-desembargador é preso no Cocó no caso de venda de sentenças

Segundo a corporação, o magistrado já foi condenado em definitivo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na Operação Expresso 150, que apura esquema de venda de liminares durante plantões do TJ-CE

16:35 | Fev. 19, 2021

Por: Carlos Mazza
.Fachada do edifício sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 19, um ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE). Segundo a corporação, o magistrado já foi condenado em definitivo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na Operação Expresso 150, que apura esquema de venda de liminares durante plantões do TJ-CE, e foi preso em sua residência, no bairro Cocó.

A PF não divulgou o nome do magistrado preso, mas a idade e o tempo de pena publicados em nota da corporação coincidem com o caso de Carlos Feitosa, 71, condenado pelo STJ em abril de 2019 a três anos, dez meses e 20 dias de reclusão, dentro dos desdobramentos da Expresso 150.

Na condenação específica que motivou a prisão, Feitosa foi sentenciado pelo crime de concussão, acusado de "extorquir" pelo menos dois servidores do TJ-CE. O ex-desembargador responde ainda a outra ação penal no STJ dentro do escopo da Operação. Neste outro processo, Feitosa já foi condenado a 13 anos, oito meses e dois dias de prisão por corrupção passiva, mas o caso ainda está em fase de recurso.

Carlos Feitosa já estava afastado do cargo desde junho de 2015, quando o STJ determinou, além do afastamento do magistrado, uma busca e apreensão de documentos dentro de seu gabinete no TJ-CE. Em setembro de 2020, Feitosa foi punido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na via administrativa, com pena de aposentadoria compulsória.

Expresso 150

Carlos Feitosa é acusado de participar, junto com o filho, o advogado Fernando Feitosa, de um esquema que vendia alvarás de soltura para presos no Ceará. Outros ex-desembargadores do TJ-CE são acusados de “comércio” semelhante, que ocorria nos plantões judiciais e era discutido pelo WhatsApp. Cada decisão chegava a custar até R$ 150 mil, por isso o nome Expresso 150.

Entre os beneficiados pela concessão de habeas corpus do esquema, estariam presos envolvidos em crimes graves, como homicídios e tráfico de drogas. Em sua defesa, Carlos Feitosa negou as acusações, afirmando que as trocas de mensagens que discutiam a venda de sentenças, interceptadas pela Polícia, não teriam passado de "brincadeira entre amigos e mera simulação de atos de corrupção".

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