Mourão demite assessor que, em troca de mensagens, afirmou que o "capitão" está errando na pandemia

A exoneração de Ricardo Roesch foi publicada no "Diário Oficial da União". Mourão comentou a exoneração do assessor durante entrevista nesta sexta-feira, 29, no Palácio do Planalto

10:55 | Jan. 29, 2021

Por: Gabriela Feitosa
A relação entre Bolsonaro e Mourão passa por um momento conturbado. (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O vice-presidente Hamilton Mourão demitiu seu assessor Ricardo Roesch que, em troca de mensagens, disse que o "capitão" estava errando muito na pandemia. As conversas foram divulgadas pelo site "O Antagonista".

Roesch procurou o chefe de gabinete de um deputado federal para conversar sobre preparativos para a hipótese de o vice, Mourão, assumir a presidência no lugar de Jair Bolsonaro. O parlamentar e seu auxiliar não tiveram as identidades reveladas. Na conversa, Roesch também disse que Mourão "é mais preparado".

Veja a troca de mensagens revelada por O Antagonista:

- Tudo bem irmão?

- Fala Ricardo, tudo excelente!

- Quando deputado quiser agendar com Mourão só avisar.

- Opa! Obrigado. Possivelmente ele vai querer sim.

- Muito trabalho aí?

- Sempre tem.

- Precisamos tomar um café mais reservadamente.

- Bora, ué.

- Eu tenho conversado com os assessores de deputados mais próximos é bom sempre estarmos preparados.

- Putz, preparados para quê?

- Nada demais articulação normal mesmo.

- Sabe que Mourão dividiu a ala militar.

- Antes, Heleno dominava agora estão divididos - capitão está errando muito na pandemia. General Mourão é mais preparado e político. Você sabe disso.

- Cara - não posso ter esse tipo de conversa - chefe não iria gostar.

- Mas vamos nos falando.

- Relaxa.

A exoneração de Roesch foi publicada no "Diário Oficial da União". Mourão comentou a exoneração do assessor durante entrevista nesta sexta-feira, 29, no Palácio do Planalto.

O vice chamou a situação de “lamentável” e disse não concordar com um processo de impeachment de Bolsonaro, frisando que o envio da mensagem “imprudente” gerou um “ruído totalmente desnecessário”. "Foi uma situação lamentável. Número um, primeiro lugar porque eu não concordo com processo de impeachment, não apoio isso aí, acabou”, disse. “A partir daí a pessoa que tinha um cargo de confiança perde a confiança para exercer esse cargo. Lamento isso aí", acrescentou Mourão que disse ter “encerrado” o assunto.

Mourão também relatou que não conversou sobre o assunto com Bolsonaro. "É um problema da minha cozinha interna", disse. A relação entre Bolsonaro e Mourão passa por um momento conturbado, com críticas indiretas do presidente ao vice, relacionadas ao conteúdo de entrevistas que Mourão concede diariamente à imprensa.