Justiça acolhe denúncia contra ex-deputado federal Adail Carneiro por lavagem de dinheiro

O ex-deputado foi detido em flagrante por lavagem de dinheiro, sendo que sua prisão foi posteriormente convertida em preventiva.

14:29 | Jan. 22, 2021

Por: Filipe Pereira
EX-DEPUTADO estava preso desde novembro (foto: GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS)

A Justiça Federal decidiu, nesta quinta-feira, 21, receber a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-deputado federal, Adail Carneiro Silva. O réu é acusado de praticar crime de lavagem de dinheiro, após flagrado com R$ 1.988.635,00 em espécie escondidos em caixas de aparelhos de televisão e em sacos plásticos na sede de uma empresa de locação de veículos em Fortaleza, no Ceará, durante a Operação Km Livre 2, aberta no dia 19 de novembro.

Segundo o juiz federal 11ª vara da Justiça Federal do Ceará, Danilo Fontenele, o pedido apresenta "razoável suporte probatório", preenchendo os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, contendo a exposição do fato criminoso.

"Ratifico o recebimento da denúncia, devendo ser designada data para realização da audiência de instrução e julgamento (de forma remota - Resolução nº 322/20 do CNJ e Ato nº 199/20 do TRF5ª), com as devidas intimações (acusado, advogado(s), membro do Parquet Federal e das testemunhas arroladas pelas partes", afirma o magistrado em documento. 

Adail foi detido em flagrante, sendo que sua prisão foi posteriormente convertida em preventiva. Na denúncia, além da condenação por lavagem de dinheiro, a Procuradoria requer a manutenção da preventiva do investigado e a perda, em favor da União, de todo o montante apreendido. As informações foram divulgadas pelo MPF na quarta, 23.

O ex-deputado foi um dos principais alvos da investigação que mira fraudes na contratação de serviços de locação de veículos e motocicletas, com desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e lavagem de capitais. Na primeira fase da operação, aberta em 2016, a PF apreendeu quase R$ 6 milhões em dinheiro vivo no cofre de uma empresa ligada ao então parlamentar.

O autor da denúncia, procurador Luiz Carlos Oliveira Júnior, aponta que Adail Carneiro reconheceu a posse dos quase R$ 2 milhões apreendidos pela PF, mas "não apresentou qualquer justificativa quanto à origem" dos valores.

"Quem ganha recursos licitamente e tem um mínimo de raciocínio crítico, sobretudo a partir de uma atividade empresarial, não deixa simplesmente 'parados' e 'ocultados' R$ 2 milhões em espécie, em um pequeno quarto do seu escritório. Muito menos o guarda dentro de uma caixa de papelão", registrou o procurador.

A reportagem tentou contato com o ex-deputado Adail Carneiro e sua defesa, porém, ainda não obteve retorno.