Cresce o número de mulheres pretas na Câmara Municipal de Fortaleza
Foram eleitas oito mulheres vereadoras na Capital. Duas são de mulheres autodeclaradas pretas - uma delas um mandato coletivo que envolve três pretas. No Ceará, 15,2% das prefeituras terão mulheres no comando
19:53 | Nov. 19, 2020
Das 43 cadeiras na Câmara Municipal, 22 serão ocupadas por pessoas que se autodeclararam pardos e duas pretas. As duas candidaturas autodeclaradas pretas são de vereadoras mulheres: Tia Francisca (PL) e a candidatura coletiva Nossa Cara, composta por três mulheres pretas e representada oficialmente por Adriana Gerônimo (Psol).
Em 2016, a Câmara Municipal de Fortaleza era composta por 15,1% de mulheres. Em 2020 o número de mulheres eleitas aumentou para 21%, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 9 mulheres e 34 homens. Das nove, seis são negras (pretas ou pardas). Neste ano, também houve um aumento de candidaturas negras de homens e mulheres, que somam 51% dos ocupantes da Câmara.
Prefeitas
Foram eleitas este ano 28 prefeitas em municípios do Ceará. Isso significa que 15,2% das prefeituras cearenses serão ocupadas por mulheres em 2021. Nenhuma mulher concorre no segundo turno no Estado, realizado em Fortaleza e em Caucaia. O Brasil elegeu prefeitas em 11% dos municípios. Das sete capitais que decidiram a eleição já no primeiro turno, apenas Palmas (TO) elegeu uma mulher: Cinthia Ribeiro (PSDB). Ela não teve maioria absoluta dos votos e já venceu porque, pelo tamanho do eleitorado, não há hipótese legal de segundo turno na capital de Tocantins.
Mulheres são 14% das candidaturas a Prefeituras no Ceará, mesmo com mais da metade da população
Primeiro mandato coletivo da capital
O coletivo Nossa Cara é o primeiro mandato coletivo eleito em Fortaleza, apelidado pelas integrantes de "mandata". Adriana explicou como será, na prática, a execução do mandato: "Nós vamos voltar em todas as comunidades em que passamos, agradecer e refletir sobre as demandas desses lugares e, a partir disso, gerar encaminhamentos coletivos. Vamos manter a mandata com escuta ativa das periferias da cidade e isso vai ser permanente", detalhou.
Compõem o mandato, além de Adriana, Louise Santana e Lila M. Salú. Elas pretendem ocupar coletivamente uma só vaga de vereadora pelo Psol. Oficialmente, Adriana é a parlamentar. O salário é no nome dela. A título de registro, as outras duas serão assessoras. Na prática, dividirão os valores de forma igual e tomarão as decisões em conjunto.
Segundo Adriana, o objetivo é manter o compromisso de ampliar os caminhos para que mais mulheres entrem na política e movimentam as estruturas atrasadas da Política. "É uma resposta ousada de que o povo deseja ver a sua cara na política, a cara das mulheres, das mulheres negras, dos LGBTs", reforçou.
O mandato coletivo chegou a ser alvo de questionamento do Ministério Público durante a campanha. Em 2018, já houve eleições de candidaturas coletivas em Pernambuco e São Paulo.
Conheça o modelo de mandatos coletivos
Municípios onde mulheres foram eleitas prefeitas no Ceará em 2020
Acaraú - Ana Flávia (PSB)
Apuiarés - Iris (PT)
Barreira - Dra. Auxiliadora (PSD)
Beberibe - Michele Queiroz (PL)
Brejo Santo - Gislaine Landim (PDT)
Camocim - Betinha (PDT)
Caridade - Simone Tavares (PDT)
Graça - Iraldice Mão Cheirosa (PDT)
Granja - Juliana Aldigueri (PDT)
Guaiúba - Izabella Fernandes (PSB)
Guaramiranga - Roberlandia Ferreira (PDT)
Hidrolândia - Iris Martins (PDT)
Ibaretama - Elíria Queiroz (PSD)
Icó - Laís Nunes (PDT)
Irauçuba - Patrícia Barreto (PDT)
Itapajé - Dra. Gorete (PSD)
Jati - Monica Mariano (PSD)
Madalena - Sônia Costa (MDB)
Massapê - Aline Albuquerque Lora (PP)
Nova Russas - Giordanna Mano (PL)
Ocara - Amalia (PP)
Paraipaba - Ariana Aquino (Republicanos)
Paramoti - Telvânia Braz (MDB)
Pires Ferreira - Dra. Lívia (PDT)
Quiterianópolis - Dra. Priscila Barreto (PSD)
Solonópole - Ana Vládia (PSD)
Tauá - Patricia Aguiar (PSD)
Tururu - Hilzete Marim (PSDB)