Candidatos mudam foco de ataques a 15 dias da eleição
12:11 | Out. 30, 2020
A proximidade do dia da votação leva os candidatos à Prefeitura de São Paulo a repensar suas estratégias, ajustar programas de TV e mudar seus alvos preferenciais. Prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB) tenta se proteger dos ataques dos concorrentes e de denúncias contra seu vice com um comercial na TV em que pede para o eleitor não dar atenção a "ataques sujos". Celso Russomanno (Republicanos), que vem perdendo espaço na preferência do eleitor, segundo pesquisas de intenção de voto, mira, agora, quem pode tirá-lo de um eventual segundo turno.
Depois de tirar citação ao presidente Jair Bolsonaro do jingle de campanha, Russomanno deve atacar Guilherme Boulos (PSOL), que aparece numericamente na terceira colocação. O líder do MTST atingiu esse patamar com intenção de votos de jovens, com menos de 24 anos, e dos mais escolarizados. Nos próximos 15 dias, ele deverá se dedicar a aumentar sua presença na periferia. Já Márcio França (PSB) mantém o plano de apostar no voto anti-Doria, quando concorreu ao governo do Estado, embora também deva usar entrevistas para atacar Boulos.
A campanha de Covas tem dito que não tem interesse de nacionalizar a campanha. A sabatina do Estadão, em 15 de outubro, foi um dos poucos momentos em que o prefeito mencionou o presidente Jair Bolsonaro, ao dizer que o chefe do Executivo "virou as costas para São Paulo" e reduziu repasses federais. Pressionado por denúncias contra seu vice, o vereador Ricardo Nunes (MDB), o tucano começou a aparecer ontem em um comercial de TV que diz: "O jogo sujo vai começar e os ataques vão aparecer. Vamos deixar a raiva de lado".
Como mostrou o Estadão, a família de Nunes recebeu R$ 50 mil de creches conveniadas com a Prefeitura para prestação de serviços sem licitação no ano passado. Pesquisas internas do PSDB têm mostrado, segundo a equipe de Covas, que os ataques de Russomanno e França não surtiram efeito até agora. Ambos o chamaram de "Bruno Doria" e tentam ligá-lo ao governador João Doria. Segundo pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão de 15 de outubro, 42% dos entrevistados consideram a gestão no Estado como ruim ou péssima.
Por ora, não há previsão de usar nas redes sociais ou rádio declarações de Doria, da ex-prefeita Marta Suplicy ou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Russomanno deve continuar a explorar o vínculo entre o governador e o prefeito. Mas a campanha vai mirar também em Boulos. "Vamos mostrar que o Boulos do Chico Buarque não é o mesmo que aparece na TV", afirmou o marqueteiro Elsinho Mouco. O candidato oscilou para baixo no último levantamento do Ibope e teve uma queda de sete pontos na pesquisa Datafolha. Embora Bolsonaro tenha sumido do jingle, a campanha espera gravar uma participação de Bolsonaro em um comercial na TV semana que vem, que terá três motes: construção de moradias, auxílio paulistano e auxílio saúde.
Boulos não pretende responder aos ataques de Russomanno em sua propaganda. O foco da equipe do candidato do PSOL é aumentar sua taxa de conhecimento, principalmente na periferia. Para isso, pretende fazer visitas a 15 bairros das cinco regiões da cidade escolhidos pelos próprios apoiadores do candidato em enquetes feitas pela internet. "A gente aposta nisso para criar um processo de mobilização e ampliar a margem de conhecimento", disse o coordenador da campanha, Josué Rocha. Pesquisas mostram que Boulos é o menos conhecido entre os candidatos melhor colocados nas pesquisas. Na periferia, o desconhecimento é ainda maior do que nos bairros centrais.
A campanha de França pretende manter o tom atual das propagandas do horário eleitoral gratuito, que foca nas propostas do candidato, e deixar as críticas aos adversários para as agendas e entrevistas, de acordo com o marqueteiro Raul Cruz Lima, responsável pelo conteúdo que vai para o rádio e para a TV. Em entrevistas, como na sabatina do Estadão ontem (mais informações na pág. A6), França tem casado a imagem de Covas a Doria. Com isso, espera receber alguns dos votos que, hoje, estariam com o tucano. "Se você pega o Boulos e o PT, é um voto ideológico, então não é por ali que ele vai conseguir voto. Ele vai conseguir do outro lado, que é do Russomanno e do Bruno", disse Lima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.