Hacker de Moro negocia delação premiada para entregar conversas inéditas da Lava-Jato
Thiago Eliezer ofereceu um acervo de diálogos inéditos guardados por ele em diversas páginas de nuvem da internet; delação ainda é discutida pela PF
19:21 | Out. 28, 2020
O hacker Thiago Eliezer dos Santos guardou um acervo de conversas inéditas envolvendo integrantes da Operação Lava Jato e procura um acordo de delação premiada na investigação da Operação Spoofing, que investiga as pessoas que atuaram na invasão do aplicativo Telegram do celular do ex-ministro Sergio Moro, de autoridades públicas e de procuradores da Lava Jato. As informações são do Jornal O Globo.
De acordo com as investigações da Operação Spoofing, Thiago Eliezer orientava Walter Delgatti Neto em técnicas de informática usadas para invadir o aplicativo Telegram de autoridades públicas. Ele era chamado de “Professor” pelos outros hackers. Pela atuação, Eliezer foi considerado um dos coautores dos delitos cometidos pelo grupo e foi denunciado pelo Ministério Público Federal.
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Ele foi solto no mês passado por decisão do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília e assinou um pré-acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) para dar início ao fornecimento de informações para as autoridades. Nas conversas preliminares com a PF, Eliezer admitiu ter conhecimento das invasões, mas relatou que Walter Delgatti Neto era o responsável por elas. Ele também citou outras pessoas que poderiam ter participação nos crimes, mas disse que somente Walter tinha contato com elas.
Além de fornecer os nomes de outros envolvidos nos crimes, Eliezer ofereceu um acervo de novos diálogos hackeados que haviam sido guardados por ele em diversas páginas de nuvem da internet. A entrega dos arquivos à polícia pode ser considerada problemática para uma possível delação premiada, uma vez que os diálogos possuem origem ilícita e não poderiam ser usados como prova de acusação.
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O material fornecido pelo hacker está sendo analisado pela PF, que deve avaliar se existem elementos suficientes para justificar a assinatura de um acordo de colaboração com o homem. Caso seja assinado, ele ainda precisaria ser homologado pela Justiça para se tornar válido. A defesa de Eliezer afirmou que não poderia se manifestar sobre o assunto e informou que protocolou um pedido junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a PF forneça uma cópia da documentação do pré-acordo de colaboração assinado pelo seu cliente.