Renda básica e periferia como prioridade: veja as propostas de Renato Roseno, candidato à Prefeitura de Fortaleza
Grupo O POVO recebeu nesta quarta, 14, o segundo sabatinado: Renato Roseno, candidato pelo Psol. Na quinta, 15, é dia de Heitor Férrer (SD) ser entrevistadoCaso seja eleito, a prioridade do candidato à Prefeitura de Fortaleza pelo Psol, Renato Roseno, é garantir renda básica para população. O plano de governo de Roseno defende a implementação do auxílio emergencial como um direito, uma renda permanente. Foi sobre isso e outras temáticas que o Psolista conversou na sabatina da Rádio O POVO/CBN na manhã desta quarta-feira, 14.
O Grupo O POVO está realizando entrevistas com os candidatos à Prefeitura até o dia 24 de outubro. Objetivo é entender os planos de governo para além do horário eleitoral, ajudando a população na hora da escolha. A programação ocorre sempre a partir das 9 horas.
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Renato Roseno é advogado, servidor público e há mais de 20 anos atua em defesa de direitos, em especial de crianças e adolescentes. Renato exerce seu segundo mandato como deputado estadual. Atualmente é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará. Junto com sua vice, Raquel Lima (PCB), lançou candidatura à gestão da Capital.
Conforme o candidato, sua prioridade é a implementação do auxílio emergencial como renda permanente, entendendo que a quantia foi essencial nesse momento de pandemia para pessoas mais vulneráveis. Ainda assim, com um 2021 bastante crítico, Renato acredita que o auxílio é uma boa saída para continuar afastando a população da linha da pobreza. "Temos uma cidade muito bonita, mas absolutamente desigual. Quem anda por Fortaleza sabe que tem uma Fortaleza muito rica e uma muito pobre", afirmou durante a sabatina. Segundo Roseno, a renda básica precisa garantir, principalmente, o sustento de mulheres jovens que têm filhos - população que tem crescido na Cidade, em especial as mulheres que chefiam famílias.
Essa renda, conforme o deputado, é viável e pode ser paga com recursos do Tesouro Municipal e operações de créditos da Prefeitura. "Pandemia nos mostrou que a gente estava vivendo de um jeito errado. Política social salva vida. (É preciso) melhorar qualidade do serviço público, melhorar áreas da cidade que estão muito degradadas, investir na vida através da prevenção social", afirmou Roseno.
Segurança pública foi um dos pontos tratados pelo candidato, que também é relator do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Para Renato, a política de militarização da segurança não resolve o problema de conflitos em Fortaleza e é preciso que a gestão municipal esteja nos locais mais vulneráveis garantindo direitos básicos, e não somente "instalando torres de vigilância".
Roseno ainda ressaltou que a renda básica, para além de política social, é um fator multiplicador importante para a economia, principalmente de forma focada, nos bairros. "Se você bota R$ 500,00 na mão de uma família que não tem nada, melhora a cadeia de pequenos negócios. Temos que fazer com que a Prefeitura seja indutora das cadeias econômicas locais. Temos que pensar que o período pós-pandemia é crítico. Temos que ter uma economia emergencial", argumentou.
Sobre o desabamento do Edifício Andrea, que completa um ano nesta quinta, 15, o candidato afirmou que seu plano de governo contempla a temática da construção civil, em especial a questão da fiscalização de edifícios em Fortaleza. Para ele, é preciso ampliar o número de fiscais da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) ao mesmo tempo que é importante tentar conscientizar as população sobre a importância desse processo. "Fortaleza é grande, precisa de mais poder público regulando e fiscalizando, sobretudo a construção civil, que tem impacto ambiental e social muito grande", considerou.
Periferia como centro
Sobre as áreas periféricas, em uma possível gestão de Roseno, ele destaca que devem estar no centro das prioridades. A primeira medida, frisa, será garantir que a renda circule nesses locais, porque isso "dinamiza a comunidade". A segunda medida deverá ser a "prevenção social à violência", focalizada nas regiões mais conflituosas. "Há políticas públicas viáveis. Não adianta estigmatizar. Tem candidato indo de colete (para áreas periféricas da cidade). Não é uma lógica que respeita as pessoas", criticou Roseno.
No último dia 4 deste mês, o candidato pelo Pros, Capitão Wagner, visitou o bairro Lagamar usando um colete à prova de balas. Para Renato, a política é feita de símbolos e "não faz sentido ser gestor sem querer andar na cidade". "Nada do que estou dizendo aqui é fácil, mas pode ser feito e deve ser feito", disse.
O deputado destaca que a população da periferia tem direito de ser reconhecida como sujeito político. "Quando você pensa em Fortaleza, a grande maioria é mulher jovem criando seu filho sozinha numa sociedade que é injusta e machista. Mãe solo é a cara de Fortaleza", apontou. Para Roseno, do lado do direito à moradia, há o direito à cidade. É preciso, ainda segundo candidato, gerar emprego, saúde e garantir saneamento básico. Renato defende uma "operação robusta de saneamento ambiental" na sua gestão. "Os sujeitos políticos das periferias são os sujeitos políticos que deveriam estar no centro e não as grandes corporações", concluiu.
Já sobre as chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP's), Renato disse que pretende mantê-las, caso seja eleito, mas só aquelas que estejam trazendo benefícios sociais. Para ele, se há um consenso entre os candidatos na pandemia é que é preciso retomar o investimento público. O candidato defende a chamada Parceria Prefeitura-Popular, onde a população participa ativamente da gestão.
"A principal tarefa de qualquer democrata é defender a democracia"
Para Renato Roseno (Psol), defender a democracia é principal tarefa de qualquer democrata. O candidato respondeu isso quando perguntado sobre um possível segundo turno entre os candidatos do Pros e PDT, os quais critica de forma ferrenha, sendo um o candidato do "hegemonismo" e o outro do "autoritarismo". "Esse autoritarismo cresceu aqui com o bolsonarismo. Mas eles não foram capazes de conter a pandemia, fizeram galhofa com o sofrimento do povo. É uma ameaça à democracia e aos direitos (do povo). Não queremos votar ao passado, queremos algo melhor. Estamos nos apresentando para isso", afirmou. Para Renato, a esquerda contemporânea precisa ser uma esquerda que pensa poder popular, uma nova economia solidária, respeito à diversidade, enfrentamento às violências. "Bolsonarismo é o contrário disso. Para mim, não tem como fazer política sem ter valores muitos convictos", encerrou Roseno.
Você pode ler o plano de governo de Renato Roseno e dos outros candidatos aqui.
Na quinta, 15, o sabatinado será Heitor Férrer (SD). Você pode acompanhar debate pela Rádio O POVO/CBN e Facebook.
Veja as próximas sabatinas:
O primeiro a passar pela mesa foi Anízio Melo (PCdoB), seguido por Renato Roseno (PSOL), Heitor Férrer (SD), Heitor Freire (PSL), Paula Colares (UP), Célio Studart (PV), José Sarto (PDT), Luizianne Lins (PT), Wagner Souza (Pros) e, finalmente, Samuel Braga (Patriota), no dia 24 de outubro. José Louretto, do PCO, será o único ausente da programação.
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