MPRJ conclui investigação da "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro
Processo foi submetido à Procuradoria-Geral do estado, responsável por apresentar ou não a denúncia à Justiça
07:27 | Set. 01, 2020
A investigação sobre as supostas "rachadinhas" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando este era deputado estadual, foi concluída pela equipe responsável. A sindicância estava sendo realizada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), equipe do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Devido ao foro especial do senador, o processo foi submetido às instâncias superiores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), e o Gaecc firmou acordo de cooperação com a Procuradoria-Geral do estado para permanecer realizando as investigações. O grupo do MPRJ enviou o resultado da apuração, que está sob sigilo, à Procuradoria-Geral, que deve decidir se apresenta ou não denúncia contra os envolvidos.
O esquema de rachadinha envolveria a contratação de servidores fantasmas no gabinete de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Em troca, os contratados devolveriam parte dos salários recebidos sem terem trabalhado.
O ex-policial Fabrício Queiroz é apontado como um dos operadores do esquema, recebendo os salários devolvidos e depositando em contas da família Bolsonaro, de quem é amigo há mais de 30 anos. Ele, a esposa Márcia Aguiar e uma filha eram contratados como servidores no gabinete de Flávio. Queiroz e Márcia estão em prisão domiciliar desde junho.
Além de Queiroz, pessoas próximas ao ex-policial também teriam participação no esquema, além de familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e a mãe e a esposa do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, que foi colega de Queiroz na polícia, morto em fevereiro na Bahia. Juntos, os servidores teriam sacado cerca de R$ 7,2 milhões em espécie no período em que trabalharam no gabinete.
Há indícios de que Flávio tenha lavado o dinheiro recebido da rachadinha com a venda de imóveis e através de uma loja de chocolates. O esquema imobiliário aconteceria pela compra de imóveis com valor declarado abaixo da quantia realmente paga, que seriam então vendidos com lucros fraudados. Na loja, produtos eram ofertados abaixo do preço habitual, mas as notas fiscais emitidas mostravam o valor cheio. Flávio Bolsonaro prestou depoimento em julho sobre a suposta lavagem de dinheiro.
Houve também depósitos em dinheiro em contas da família - somente Queiroz e Márcia enviaram R$ 89 mil a Michelle, atual esposa de Jair Bolsonaro. Questionado sobre os valores, o presidente ameaçou jornalistas e não respondeu às perguntas.