Conheça Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro preso nesta quinta-feira
Alvo principal de operação que investiga esquema de "rachadinha", o ex-policial voltou a ter o nome repercutido após sua prisão
17:29 | Jun. 18, 2020
O nome do ex-policial militar Fabrício Queiroz tornou a gerar repercussão no cenário político e midiático após sua prisão, realizada na manhã desta quinta-feira, 18, em Atibaia, interior de São Paulo. Apesar da longa carreira na Polícia, Queiroz é conhecido no Brasil por ter virado alvo da operação que investiga esquema de “rachadinha” , na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, quando ainda era assessor do agora senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), a cuja família dedica uma história longa de amizade.
Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, Fabrício Queiroz atuou 31 anos na Polícia Militar do Rio de Janeiro e chegou à patente de subtenente da instituição. Em 1984, o ex-militar conheceu o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) que, à época, servia como capitão na Brigada Paraquedista da Vila Militar do Exército no Rio.
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A relação de Queiroz com o novo amigo foi se fortalecendo ao longo dos anos, ainda que Bolsonaro ingressasse na política ao assumir como vereador da capital carioca em 1989, passando a seguir uma carreira distinta a do Exército. Os registros de eventos e comemorações entre as famílias dos dois homens se tornavam cada vez mais comuns. A amizade era pública.
Estendendo o vínculo entre os parentes, Fabrício Queiroz deixa de ser subtenente em 2018 e se dedica ao cargo de assessor do filho mais velho do amigo, na época deputado Flávio Bolsonaro, a quem também servia como motorista e segurança. Com influência estabelecida, Queiroz chegou a indicar quatro parentes para assumirem cargos importantes durante mandato de Jair, como a atual mulher, Márcia de Oliveira Aguiar e a filha do casal, Evelyn Melo de Queiroz .
De acordo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o policial aposentado recebia por sua “dedicação” ao serviços prestados para o filho de Bolsonaro o valor de R$ 23 mil. Em outubro de 2018, Queiroz acabou sendo exonerado do gabinete. No ano seguinte, em 2019, os parentes do ex-policial também saíram de seus respectivos cargos no Legislativo.
O escândalo do “Caso Queiroz”
O policial aposentado saiu do anonimato no segundo semestre de 2018, quando um relatório do Coaf identificou movimentações suspeitas nas contas bancárias de servidores e de ex-funcionários de 22 gabinetes de parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde Queiroz atuava como assessor de Flávio.
Como resultado de apuração, o documento apontou que Fabrício teria movimentado R$ 1,2 milhão no intervalo de um ano, o que seria distante do valor que alegava receber como salário, de R$ 23 mil. Mediante relatório, o Ministério Público do Rio abriu investigação para apurar caso, colocando sob suspeita o ex-policial e Flávio Bolsonaro.
A apuração apontou uma suposta lavagem de dinheiro feita pelo parlamentar, que teria desviado cerca de R$ 2,3 milhões usando como “disfarce” um loja de chocolates e negociações imobiliárias. Segundo investigações, Queiroz auxiliava o filho do amigo ao comandar o esquema de “rachadinha” que possibilitava a rápida ascensão financeira da dupla.
Ação era executada mediante contratação de funcionários sob uma negociação. Na ocasião, servidores ingressavam no gabinete do deputado e devolviam a ele parte de suas remunerações, “rachando” valores com o parlamentar. Para que esquema fosse escondido, segundo investigação, o dinheiro recebido era lavado por meio de empresa e movimentado, entre outros, na conta de Queiroz.
O policial aposentado chegou a se defender a época afirmando que investia em carros, mas não comprovou oficialmente o fato. Além disso, o documento do Coaf chegou a identificar saques feitos por Queiroz de valores altos como de R$ 324 mil e um cheque de R$ 24 mil destinado a atual primeira-dama Michele Bolsonaro.
Como principal alvo da operação, Queiroz permanecia "desaparecido" desde o inicio do ano passado. Sempre quando questionado acerca das investigações que envolviam o nome do filho mais velho, a quem chama de 01, e do amigo de longa data, o presidente Jair Bolsonaro mudava o assunto ou utilizava de mecanismos agressivos para encerrar fala.
Enquanto o presidente seguia tentando "evitar" o nome da sua família no Caso Queiroz, o ex-policial foi preso na manhã desta quinta-feira (18/06) no imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Ignorando os indícios contraditórios, o também investigado Flávio Bolsonaro minimizou a prisão do antigo funcionário afirmando que ela foi apenas uma "peça para atacar seu pai".