Ricardo Salles diz que coronavírus é oportunidade para mudar leis ambientais e "passar a boiada"

Ministro disse que foco da cobertura midiática na pandemia daria "alívio" em outras áreas, permitindo "passar a boiada"

20:55 | Mai. 22, 2020

Por: Bemfica de Oliva
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente (foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Durante a reunião ministerial de 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado nesta sexta-feira, 22, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (sem partido), falou em aproveitar o “alívio” dado pela mídia à pasta para flexibilizar regulamentações ambientais. Segundo Salles, haveria uma “oportunidade” devido à pandemia para “passar as reformas infralegais de desregulamentação”.

Para ele, o momento permitiria “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente”. A intenção do ministro seria de “dar de baciada a simplificação” de normas ambientais referentes a diversos aspectos, do patrimônio histórico ao agronegócio.

Salles afirmou, ainda, que a iniciativa demandaria trabalho conjunto entre vários ministérios. Disse também que seria necessário contar com “a artilharia da Advocacia Geral da União (AGU)”, segundo ele, “porque tudo que a gente faz é pau no judiciário, no dia seguinte”.

Por fim, o ministro informou o desejo de realizar a mudanças sem passar pelo poder Legislativo. “Não precisamos de congresso. Porque coisa que precisa de congresso também, nesse, nesse fuzuê que está aí, nós não vamos conseguir aprovar”, disse.

Em 2018, Salles foi condenado por improbidade administrativa por causa de alterações em mapas de zoneamento ambiental na época em que era secretário do Meio Ambiente do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). No início deste mês, o ministro foi expulso do partido Novo por integrar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).