Flávio Bolsonaro repassou R$ 500 mil do fundo partidário a advogado investigado no Caso Queiroz, diz jornal

Victor Granado Alves é outro suspeito do esquema de rachadinhas e teria recebido informações prévias sobre operação da PF contra Queiroz, antes mesmo da deflagração

17:59 | Mai. 19, 2020

Por: Carlos Holanda
Flávio Bolsonaro (foto: Agência Brasil)

O PSL nacional contratou em fevereiro do ano passado, a pedido do senador Flávio Bolsonaro, o escritório de um advogado que hoje tem o nome envolvido no suposto vazamento de informações da Polícia Federal (PF) que favoreceu a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), conforme revelou a Folha de S. Paulo no último domingo, 17.

O empresário e suplente de Flávio, Paulo Marinho, disse à publicação paulista que o filho do presidente soube da operação Furna da Onça dias antes de ela ser deflagrada. Foi a operação que atingiu o ex-assessor do político na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz. Ele e Flavio são investigados sobre suposto esquema de rachadinha no Legislativo fluminense.

O nome de Victor Granado Alves, sócio do escritório Granado Advogados Associados, aparece em notas de prestação de contas do PSL referentes a 2019. Ele foi contratado com a verba pública do fundo partidário para prestar serviços ao diretório do Rio de Janeiro. Durante os 13 meses e meio em que trabalhou para o PSL, o profissional recebeu pelo menos R$ 500 mil em salários.

Flávio comandava o PSL no estado antes de deixar o partido como o pai, após desavenças com Luciano Bivar, atual dirigente da legenda. O senador hoje está no Republicanos.

O advogado Victor foi apontado por Paulo Marinho, em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha, como um dos assessores do senador que teria sido municiado por um delegado com informações sobre a abertura de uma operação pela PF que chegaria a pessoas do gabinete do então deputado estadual Flávio.

A informação teria vindo de um delegado da PF simpático à campanha presidencial de Bolsonaro, em 2018. Assim, o delegado teria orientado Flávio a demitir Queiroz, e Bolsonaro, a filha de Queiroz, que trabalhava em seu gabinete de deputado federal.

Atualmente, outra sócia do escritório de advocacia trabalha no gabinete do primogênito do presidente. Mariana Teixeira Frasetto Granado consta como assessora parlamentar do gabinete de Flávio no Senado, com salário bruto de R$ 22,9 mil. A Transparência do Senado informa que ela foi contratada em março de 2019.

Ainda conforme o relato de Marinho à Folha, o encontro entre o delegado informante teria acontecido em frente à Superintendência da PF no Rio. Também teriam presenciado o chefe de gabinete de Flávio, Coronel Braga, e a ex-tesoureira do PSL carioca, Valdenice de Oliveira Meliga, a Val. Ali, a fala do delegado foi no sentido de que um relatório do Conselho de Contro de Atividades Financeiras (Coaf) havia citado Queiroz e a filha num relatório.

Isso levou o Ministério Público do Rio a apurar suposto esquema de rachadinha no gabinete do político. A investigação indica que pelo menos 13 funcionários transferiram parte dos vencimentos para Flávio.

Victor também advogou para a franquia de chocolates de Flávio. Os empreendimentos são outro foco da investigação, uma vez que seriam usados para lavar o dinheiro adquirido com a repartição indevida do salário dos funcionários para enriquecimento - o que se chama de rachadinha. O próprio Victor é dono de outros dois estabelecimentos do tipo.