Pros pede punição a deputados por briga; André Fernandes pressiona para que ambos sejam punidos como ele

Deputado bolsonarista enfrenta processo interno por ter acusado colega de pertencimento a facção

Presidente estadual do Pros, o deputado federal Capitão Wagner entrou com representação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) pedindo primeiramente a cassação dos deputados estaduais Osmar Baquit (PDT) e Leonardo Araújo (MDB) pela discussão que travaram no plenário da Casa no dia 10 de março deste ano, inclusive com troca de acusações. O partido pede para que se considere outros tipos de punição em caso de a perda do mandato não ser entendida como razoável.

Baquit qualificou o emedebista como agressor de mulher e comprador de votos. Leonardo disse que o petedista é vinculado à Quadrilha dos Pipocas, grupo criminoso especializado em roubo a bancos com atuação em Quixadá, município em que o parlamentar tem bases eleitorais.

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Relembre a discussão:

A ação fez com que o deputado estadual André Fernandes (PSL) se movimentasse nas redes sociais no sentido de comparar a briga entre os dois à denúncia infundada apresentada por ele ao Ministério Público do Ceará (MPCE), em que apontou o colega Nezinho Farias (PDT) como agente fortalecedor de uma organização criminosa dentro do parlamento estadual. A denúncia confundia jogos eletrônicos com jogo do bicho.

Recentemente, o plenário da Casa aprovou um sistema de deliberação remota assegurando o voto secreto, o que viabiliza a votação da suspensão por 30 dias a Fernandes. A tendência é de aprovação da punição, tanto pela gravidade do caso como pela extensa base do governador Camilo Santana (PT).

Existem penalidades mais brandas do que a suspensão, como a censura verbal ou oral. A sanção mais severa é a cassação. Segundo Fernandes, se os dois não forem punidos com igual rigor, ficará provado que ele é um perseguido na Assembleia.

"Meu caso deverá ser votado em breve em plenário, e se aprovada essa punição contra mim, futuramente também deverá ser aprovada aos dois deputados. Caso essa punição seja aprovada somente para mim, ficará claro que não se trata de 'quebra de decoro', e sim perseguição política", opinou André pelo Twitter.

"Não temo ser cassado. Não fiz nenhuma acusação, eu falei sobre algo público. Veja essa foto e tire suas próprias conclusões. O deputado é réu, investigado como mentor de um crime. Não é o deputado André Fernandes que fala, é a Justiça. Independente de ser base ou oposição, a Casa tem que ser imparcial no julgamento de deputados. Caso contrário, a democracia será apenas da boca pra fora, onde a maioria vence a minoria", respondeu ao O POVO Fernandes, via assessoria, alegando como supostas provas fotos de documentos que serviriam como evidências da ligação de Baquit com a quadrilha.

Procurado, Osmar Baquit (PDT) afirmou que o movimento do Pros tem somente motivações políticas. Ele argumenta que como André não tem um partido que o defenda, já que o PSL está sob comando de Heitor Freire, um adversário, a iniciativa do partido de Wagner apenas supre esta lacuna, já que os dois têm proximidade. "O deputado Wagner é ligado ao André e os dois estão criando fato político."

Para Baquit, os dois casos não podem ser comparados porque a briga que ele se envolveu, embora tenha sido em plenário, se deu após a sessão legislativa "sem microfone, sem nada". André Fernandes poderá enfrentar outro processo no Conselho de Ética, desta vez por ter acusado Baquit nas redes sociais de pertencer à mesma Quadrilha dos Pipocas.

O contexto era o de uma discussão online em que Baquit também fez provocações ao deputado, mencionando a atuação dele no YouTube antes de iniciar militância política ativa, inspirado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Pela reincidência de acusações, o sentimento do deputado é de que, desta vez, o bolsonarista terá mandato cassado.

Ele informou que a Executiva do PDT irá se reunir ainda nesta semana ou na próxima para, com base na acusação proferida contra ele, conversar sobre a formalização do pedido de cassação do deputado. "Quando entrar com outra representação, de dois crimes, tenho certeza que ele perderá o mandato dele", projetou Baquit.

Assim como Nezinho, o parlamentar disse que vai se movimentar contra Fernandes pelas vias da Justiça comum, com ação indenizatória por danos morais.

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