Polícia Federal antecipou a Flávio Bolsonaro que Queiroz seria alvo de operação, diz Folha

A informação teria vindo de um delegado da Polícia Federal. A revelação foi dada ao jornal pelo empresário Paulo Marinho, apoiador do governo de Bolsonaro e suplente de Flávio

12:56 | Mai. 17, 2020

Por: Natália Coelho
Fabrício Queiroz, pivô do escândalo das "rachadinhas" e Flávio Bolsonaro (foto: REPRODUÇÃO FACEBOOK)

O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, soube antecipadamente que seu ex-assessor, Flávio Queiroz, seria alvo de operação da Polícia Federal, indica o jornal Folha de S. Paulo. A informação teria vindo de um delegado da Polícia Federal. A revelação foi dada ao jornal pelo empresário Paulo Marinho, apoiador do governo de Bolsonaro e suplente de Flávio, e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSDB.

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A operação referida faz alusão à Furna da Onça, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de novembro de 2018, e que envolveria o ex-assessor do parlamentar, Fabrício Queiroz. A operação foi deflagrada para para investigar a participação de deputados estaduais do Rio em esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual.

O caso envolveu Queiroz por um possível esquema de “rachadinhas” - desvio do salário pré-acordado de funcionários ou de “servidores fantasmas” - para compras e vendas superfaturadas de imóveis com o uso de dinheiro público.

A operação Furna da Onça se originou após a investigação denominada Cadeia Velha, que culminou na prisão dos deputados estaduais acusados em atuar na concessão de benefícios fiscais em favor de determinadas empresas e empreiteiras. Alexandre Ramagem foi o titular da investigação que deu origem à operação. O delegado foi nomeado por Bolsonaro como diretor-geral da Polícia Federal. Entretanto, a nomeação foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Flávio Bolsonaro teria tido conhecimento da informação da operação entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, 7 e 28 de outubro respectivamente. Marinho também revela que os policiais teriam adiado a operação para que somente ocorresse após o segundo turno, para que não prejudicasse a candidatura de Jair Bolsonaro.

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"Flávio então nos conta a seguinte história: uma semana depois do primeiro turno, o ex-coronel [Miguel] Braga, atual chefe de gabinete dele no Senado, tinha recebido o telefonema de um delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro, dizendo que tinha um assunto do interesse dele, Flávio, e que ele gostaria de falar com o senador", diz Marinho, em relato à Folha. 

O delegado-informante de Flávio teria, também, indicado para que o senador demitisse Queiroz e sua filha, Nathalia, que trabalhava na época no gabinete do então deputado federal, Jair Bolsonaro, em Brasília. Ambos foram exonerados no dia 15 de outubro de 2018.

As investigações de Flávio Bolsonaro pelo Ministério Público do Rio de Janeiro voltar à tona após as acusações do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a demissão do diretor da PF, Maurício Valeixo. Segundo Moro, a saída de Valeixo do comando da PF teria sido realizada para interferir no andamento de investigações, entre elas, a de Flávio Bolsonaro.

Desde 2018, o trabalho dos promotores do MP do Rio de Janeiro foi interrompido três vezes e os advogados de Flávio já pediram nove vezes pela suspensão do procedimento.

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