Saída de Teich do Ministério da Saúde repercute negativamente entre políticos do Brasil

Bolsonaro foi acusado por lideranças brasileiras de ser o responsável pela decisão do ministro

19:03 | Mai. 15, 2020

Por: Gabriela Almeida
 Saída de Nelson Teich gera repercussões negativas (foto: EVARISTO SA/AFP)

A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde, anunciada nesta sexta-feira,15, repercutiu negativamente entre figuras políticas e públicas do Brasil. Personalidades importantes como os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), utilizaram suas redes sociais para comentar acerca do assunto e criticar a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acusando o chefe do Executivo federal de ter provocado o pedido de demissão de Teich.

O médico pediu demissão do governo Bolsonaro após ter demonstrado discordância em relação ao posicionamento do presidente sobre o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, assim como ter se mostrado contrário ao decreto de Bolsonaro que ampliou as atividades essenciais no período da pandemia. O agora ex-ministro chegou a afirmar que estava sendo “difícil conciliar os desejos de Bolsonaro com a realidade”.

Apesar disso, durante pronunciamento realizado na tarde de hoje, Teich não foi capaz de negar ou afirmar que as divergências com o presidente teriam motivado o seu pedido de exoneração do cargo. Ele apenas agradeceu Bolsonaro e afirmou que havia aceitado o cargo porque “acreditava que podia ajudar o Brasil e as pessoas”. Figuras políticas e públicas do País, no entanto, ligaram a demissão de Nelson a forma de governar do presidente e realizaram críticas negativas a Bolsonaro.

Veja pronunciamento de algumas figuras públicas e políticas do Brasil acerca do episódio

Fernando Haddad

O petista e ex-presidenciável usou sua conta no twitter para questionar acerca da saída de Nelson da pasta. Sem falar muito sobre assunto, ele lançou uma indireta sobre o fato de Teich ser o segundo ministro a sair do Ministério da Saúde e deu a entender que a culpa era do presidente.

Quem será o próximo ministro da Saúde? Tanto faz, enquanto Bolsonaro estiver presidente.

— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) May 15, 2020

Wilson Witzel

Ainda que aliado de Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro criticou a interferência do presidente na pasta e afirmou que ninguém “conseguiria fazer uma trabalho sério” enquanto Bolsonaro interferisse. O líder político também aproveitou o momento para prestar solidariedade a Nelson.

Minha solidariedade, ministro @TeichNelson. Presidente Bolsonaro, ninguém vai conseguir fazer um trabalho sério com sua interferência nos ministérios e na Polícia Federal. É por isso que governadores e prefeitos precisam conduzir a crise da pandemia e não o senhor, presidente.

— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) May 15, 2020

Felipe Santa Cruz

Após utilizar sua página no twitter para anunciar a saída de Nelson, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez duras críticas a Bolsonaro ao afirmar que o presidente estaria “destruindo o Brasil e semeando a morte e o descrédito”.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta manhã. E assim, com método e paciência, Bolsonaro vai destruindo o Brasil e semeando a morte e o descrédito.

— Felipe Santa Cruz (@felipeoabrj) May 15, 2020

Ciro Gomes

“Parece brincadeira... mas é irresponsabilidade assassina”, afirmou o ex-presidenciável e opositor declarado do governo Bolsonaro sobre a saída de Teich. De forma direta, Ciro alegou que o presidente causou a demissão de Nelson ao afirmar que apesar da “incompetência e patetice” do ex-ministro, ele se demitiu por não aceitar se alinhar ao governo.

Parece brincadeira... mas é irresponsabilidade assassina! Bolsonaro provoca demissão do recém nomeado ministro da saúde. Razão alegada: o ministro, que é medico, apesar de toda sua incompetência e patetice, não aceitou promover o genocídio que Bolsonaro parece querer provocar!

— Ciro Gomes (@cirogomes) May 15, 2020

Camilo Santana


O governador do Ceará classificou como “afronta ao País” o governo de Bolsonaro proporcionar uma crise “política e ideológica” em meio a pandemia, alegando que a “saída do segundo ministro da Saúde em menos de um mês traz enorme insegurança e preocupação”, se referindo a demissão do ex-ministro Henrique Mandetta.

A saída do segundo ministro da Saúde em menos de um mês traz enorme insegurança e preocupação. É inadmissível que, diante da gravíssima crise sanitária que vivemos, o foco do Governo Federal continue sendo em torno de discussões políticas e ideológicas. Isso é uma afronta ao país

— Camilo Santana (@CamiloSantanaCE) May 15, 2020

Henrique Mandetta

O ex-ministro da saúde foi se pronunciou em sua conta no twitter para desejar força ao Sistema Único de Saúde (Sus) e pedir orações. Mandetta utilizou ainda as palavras “ciência, paciência e fé” em sua postagem, como uma espécie de "mensagem indireta".

Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé! #FicaEmCasa

— Henrique Mandetta (@lhmandetta) May 15, 2020


Em podcast nesta semana, jornalistas do O POVO analisaram a fritura de ministros por Bolsonaro:

Listen to "#80 - Bolsonaro e a frigideira dos ministros da Saúde" on Spreaker.