Pastor presbiteriano é novo favorito para substituir Moro no Ministério da Justiça
André Mendonça é advogado-geral da União e funcionário de carreira da AGU. Ele foi consultor jurídico da Controladoria-Geral da União (CGU) no governo Michel Temer
23:04 | Abr. 27, 2020
Com a saída de Sergio Moro do cargo de Ministro da Justiça, após embates com o presidente da República, Jair Bolsonaro passou a considerar nomes mais próximos para assumir o cargo. Após reunião, o advogado-geral da União, André Mendonça, passou a ser o principal indicado à vaga que fora de Moro. Eles se encontraram na tarde desta segunda-feira, 27, junto ao secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, antigo preferido para assumir a pasta.
Um dos principais critérios assumidos por Bolsonaro para tomar sua decisão tem sido proximidade política, mas um certo distanciamento de seu ciclo familiar, após grande repercussão negativa das acusações de interferência política feitas por Bolsonaro na Polícia Federal. A possível indicação de Oliveira sofre resistência diante relação dele com o clã Bolsonaro. O pai de Oliveira chegou a trabalhar por diversos anos com o capitão reformado, chegando a ser assessor e padrinho de um de seus filhos, o hoje deputado Eduardo Bolsonaro. Com a grande rejeição, Mendonça passou a ser a escolha mais provável.
Além da estrita confiança, outra vantagem associada à possível nomeação de Mendonça seria sua proximidade, enquanto advogado-geral da União, com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, caso André Mendonça seja nomeado, Bolsonaro já se direciona para nomear o atual procurador-geral da Fazenda Nacional, José Levi Mello do Amaral Júnior como substituto ao cargo de Mendonça.
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Porém, apesar dos indícios, a incerteza se concretiza diante da nomeação a partir de uma fala de Bolsonaro, em conversa com jornalistas na entrada do Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira, 27. O presidente afirmou que todos teriam uma “surpresa positiva” com os nomes escolhidos para os cargos. “Tem dois nomes postos à mesa, o Jorge e outro. Eu não vou falar, porque, se muda, vão falar que eu recuei”, reforçou o chefe do Executivo federal. A decisão final do presidente deve ser anunciada nessa terça, 28.
Outra questão que demanda urgência de Bolsonaro, é o vazio no alto comando da Polícia Federal, após a exoneração do delegado Maurício Valeixo. A demissão foi o gatilho da saída de Moro e da crise política no Governo. Principal nome para assumir a vaga deixada por Valeixo, Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo íntimo da família Bolsonaro, também tem sofrido grande rejeição por sua proximidade fora da vida pública.
Segundo fontes do Planalto consultadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as decisões ainda não estão completamente definidas. Bolsonaro seria imprevisível quanto as nomeações e teria o hábito de mudar de ideia nos últimos momentos, surpreendendo mesmo assessores de primeira ordem, aumentando assim clima de incerteza quanto as próximas ações do presidente.