Enquanto deputado, Bolsonaro superfaturou pedidos de reembolso da verba de combustível, segundo revela reportagem
Superfaturamento chegou a mais de R$ 45 mil em dois anos, segundo informações do jornalista investigativo Lúcio de Castro
21:19 | Abr. 07, 2020
Uma reportagem feita pelo jornalista investigativo, Lúcio de Castro, para a agência Sportlight, revelou que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), superfaturou uma série de pedidos de reembolso da verba de combustível. A atitude criminosa teria acontecido enquanto Bolsonaro era deputado federal do Rio de Janeiro entre os anos de 2009 e 2011. A investigação encontrou notas fiscais que mostram abastecimentos de mais de mil litros de gasolina em um único dia no carro de Jair Bolsonaro, ainda que não exista veículo com tamanha capacidade de armazenamento.
Foram analisados os abastecimentos realizados entre os dias 7 de janeiro de 2009 e 11 de fevereiro de 2011. Dentro deste período foram identificados 11 abastecimentos incomuns feitos em nome do atual presidente. O valor superfaturado equivale, atualmente, após revisão monetária, a R$ 45.329,48.
As notas fiscais foram emitidas pelos mesmos postos de gasolina, o Rocar, localizado na região da Barra da Tijuca e o posto Pombal na área da Tijuca. Em média, eram feitos abastecimentos com valores acima de R$ 4 mil no nome de Bolsonaro a cada nota fiscal emitida, gerando uma compra de mais de mil litros de gasolina por abastecimento.
Além dos valores suspeitos, ao analisar as datas apresentadas nas notas fiscais, a reportagem apurou que alguns abastecimentos ocorreram no mesmo dia, apesar de grandiosa quantidade de combustível comprada. Em outras ocasiões, os abastecimentos ocorriam em dias nos quais Jair Bolsonaro estava, comprovadamente, em votação pela Câmara, em Brasília.
A investigação foi feita com o cruzamento de informação de base de dados públicas, com informações dos recibos apresentados pelo próprio Jair Bolsonaro à Câmara dos deputados para solicitar o reembolso dos valores e com informações dos relatórios do serviço de reembolso da “Coordenação de Gestão Parlamentar”, integrada ao “Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara”. A Lei de acesso a informação foi acionada para obtenção de parte dos dados.
Como no caso do abastecimento realizado no dia 2 de junho de 2009, no qual Bolsonaro realizou compra no valor, com correção monetária, de R$ 4.765,28 de gasolina, embora, de acordo com a assinatura na lista de presença, estivesse na Sessão Extraordinária de número 133 realizada em Brasília. Segundo a reportagem, semelhante situação chegou a ocorrer pelo menos outras três vezes.
De acordo com a lei de reembolso da verba de combustível para deputados vigente no período dos casos relatados pela reportagem, apenas o próprio deputado poderia realizar os abastecimentos. No ato, o deputado deveria fornecer nome completo, CPF e endereço de moradia e posteriormente encaminhar pedido de reembolso dos valores na Câmara. A investigação jornalística apurou que todos os pedidos de reembolso solicitados por Bolsonaro durante o período analisado foram atendidos.
Até a publicação da reportagem, às 14h desta terça-feira, 7, a assessoria do presidente Jair Bolsonaro não deu retorno sobre os questionamentos levantados pelo jornalista Lúcio de Castro. Lúcio também não conseguiu estabelecer contato com os donos dos postos de combustíveis mais recorrentes nas notas superfaturadas apresentadas por Bolsonaro à Câmara.
A relação completa com as notas fiscais apresentadas pelo presidente, enquanto era deputado federal podem ser consultadas aqui.
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