"O menos interessado nesse caos em Fortaleza sou eu", afirma Capitão Wagner
Deputado participou do programa Debates do Povo na rádio O POVO CBN na manhã desta sexta, 21. Wagner debateu com o Fábio Paiva, professor de Sociologia e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV)O programa Debates do POVO, na rádio O POVO CBN, recebeu às 11 horas desta sexta, 21, o deputado federal Capitão Wagner (Pros-CE) e Fábio Paiva, sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os dois debateram sobre cenário atual de paralisação de alguns agentes da Polícia Militar no Estado - além de outros temas, como a desmilitarização do órgão. O programa é mediado pelo jornalista Marcos Tardin. Ao final do programa, Capitão Wagner, pré-candidato à Prefeitura da Capital cearense, fez questão de ressaltar: “O menos interessado nesse caos em fortaleza sou eu”.
Wagner acredita que o senador Cid Gomes premeditou ação com retroescavadeira em Sobral no dia 19, onde foi alvejado com dois tiros e desmentiu qualquer interesse político de sua parte em relação aos motins. “O movimento surgiu a partir de reunião na terça-feira (18). Ninguém esperava, mas o movimento cresceu”.
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No dia 18, o Projeto de Lei de estruturação das carreiras de segurança pública do Estado do Ceará foi lido no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). A proposta já enfrentava críticas por parte dos policiais, que reivindicam a inclusão de emendas para modificar o texto.
Na manhã da quarta-feira, 19, ruas de batalhões da Polícia Militar começaram a ser bloqueadas com viaturas. Na tarde, o senador Cid Gomes foi baleado após tentar invadir, com uma retroescavadeira, um quartel da Polícia Militar que estava ocupado por manifestantes. “Foi uma atitude premeditada dele. Eu vejo que, na hora que o senador pega um veículo, sem habilitação, resolve passar por cima de homens e mulheres, ele tava tentando matar aquelas pessoas”, afirmou durante programa.
Segundo capitão, os tiros foram uma reação de legítima defesa dos manifestantes. Para ele, o policial que atirou em Cid “evitou que ele matasse aquelas pessoas”.
Fábio Paiva discorda, no entanto, apesar de reconhecer que Cid “obviamente não fez aquilo por acaso”. “Há uma politização de toda a situação, uma disputa de pleitos eleitorais. Quem são interlocutores da greve? Adversários políticos do governo”, disse Paiva à Wagner que, segundo sociólogo, não é mais liderança da greve como em 2012.
Para Fábio, o cenário polarizado coloca o interesse da reivindicação legítima dos trabalhadores em segundo plano, já que policiais militares são historicamente utilizados como mercadoria política. “Não leio os tiros como legítima defesa. Eles vem lá de trás”, pontuou o professor. Ele defende que o direito de greve da categoria seja assegurado. “A responsabilização desses policiais não têm sido discutidas por conta de regimentos eleitorais”, completou.
Wagner acredita que o primeiro passo para resolução do problema é “apaziguar os ânimos” e que não há como seguir se ambos os lados continuarem com “atitudes radicais”. Wagner e Fábio criticaram grupo encapuzado que tomou viatura da Polícia Civil e cercou policiais na avenida Mister Hull, na noite de quinta, 20. Os dois se dirigiram ao grupo como “policiais” e o professor disse que a responsabilização desses sujeitos deve ser pensada.
Para discutir a paralisação de alguns policiais militares no Ceará, o deputado Capitão Wagner deve se reunir na tarde desta sexta, 21, com comitiva de senadores e com o general Fernando Cunha Mattos. O comandante foi designado pela Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conduzir ações no Estado. No entanto, o encontro não tem cunho de negociação."Por enquanto, as negociações estão paradas", disse Wagner. Não há previsão para nenhuma reunião com essa finalidade.
O capitão se defendeu e disse não ter interesse no cenário de paralisação de alguns policiais militares. Segundo ele, a categoria, sozinha, resolveu iniciar o movimento. “A gente não tem qualquer gerência sobre o movimento. A categoria vai ter que se convencer do que o Estado pode ou não pode fazer”, afirmou.
O professor de sociologia Fábio Paiva disse que a democracia tem sido escanteada nesse processo e acredita que “estamos em campanha permanente”. “Tem que ter uma resolução institucional (para o problema)”, pediu. Fábio também disse que precisamos avançar no debate sobre desmilitarização da Polícia Militar.
“Mas, em que sentido de desmilitarizar?”, perguntou o capitão. “Tem que discutir isso com caráter técnico e não político”, completou. Fábio respondeu: “A sociedade tem que discutir qual a polícia ela quer e como ela quer”, finalizou Paiva.