Ator Carlos Vereza diz que ministro da Educação confirmou fim da TV Escola
O ator se disse "entristecido" com Bolsonaro, já que seu governo "não tem investimento nenhum em Cultura"
18:07 | Jan. 13, 2020
Após receber a notícia de que o Ministério da Educação não renovará contrato com a Associação de Comunicação Roquette Pinto (Acerp), responsável pela gestão da TV Escola, o ator e diretor Carlos Vereza se disse entristecido por Jair Bolsonaro não ter "investimento nenhum em Cultura". Vereza, que fez campanha para a eleição de Bolsonaro, afirmou que teria que pensar muito antes de votar novamente no atual presidente. A apuração é do Estadão.
A informação teria sido repassada ao ator pelo próprio ministro da Educação, Abraham Weintraub, que o convidou para participar de uma reunião em Brasília. "Fiz de tudo para convencê-lo mas só ouvi argumentos burocráticos para acabar com a TV de baixo custo", afirmou Vereza. Atualmente, o ator apresenta na TV Escola o programa Plano Sequência, uma série de entrevistas sobre a produção audiovisual brasileira. Segundo ele, o canal seria mantido até o fim do programa. "Falta exibir 21 entrevistas. Mas eu, sinceramente, não sei mais".
Weintraub teria informado que o canal custaria R$ 400 milhões ao Governo em cinco anos. "Não sei se é verdade, mas pelo que sei o custo hoje é 0,06% do orçamento do MEC", disse Vereza. O fim da TV Escola pode gerar a demissão de 400 funcionários, atingindo inclusive outros equipamentos culturais, como a Cinemateca de São Paulo.
Vereza afirmou que usou como argumento em defesa do canal seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. "Falei 'Cara, vocês acham que a TV Escola é de esquerda? Então o que é que eu estou fazendo lá? Justo eu que fui ao hospital gravar um vídeo de apoio ao Bolsonaro'". O ator se disse "entristecido" com Bolsonaro, já que seu governo "não tem investimento nenhum em Cultura". Quando perguntado pela reportagem se votaria nele de novo, Vereza recuou: "Eu teria que pensar muito. Muito!".
Em dezembro passado, o ator afirmou à Folha de S. Paulo que se a TV Escola fosse descontinuada, ele não teria como manter apoio a Bolsonaro.