Escola de tempo integral é inaugurada a poucos metros de local da Chacina do Curió
A unidade, que atenderá cerca de 420 alunos e possui instalações modernas e laboratórios, fica a poucos metros de um dos pontos da matança
O prefeito Roberto Cláudio (PDT) participou neste sábado, 28, de cerimônia que inaugurou a Escola de Tempo Integral Laís Rodrigues de Almeida, no bairro Curió. Com instalações modernas, laboratórios e ginásio, a escola fica localizada a poucos metros de onde ocorreu, em novembro de 2015, chacina que terminou com a morte de onze jovens na Grande Messejana.
“A escola em tempo integral, todos os investimentos em educação e nessa área de primeira infância, são fundamentais para mudar o destino da juventude. A oportunidade da educação em uma estrutura dessas, com qualidade adequada, pode representar um itinerário de vida diferente para alguns jovens que vivem em áreas de maior vulnerabilidade”, diz o prefeito.
Confira imagens da inauguração da escola:
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Segundo a Secretaria Municipal da Educação (SME), a unidade atenderá cerca de 420 alunos de 6º ao 9º ano e teve investimento de cerca de R$ 9,1 milhões. "A escola dispõe de 12 salas de aulas temáticas, três laboratórios, biblioteca, cozinha, refeitório, refeitório (...) ginásio com quadra poliesportiva coberta e arquibancadas", entre outros equipamentos.
Ao todo, esta é a 25ª escola em tempo integral inaugurada em Fortaleza desde 2013. Segundo o prefeito Roberto Cláudio, o município hoje é a capital com maior média proporcional de alunos em tempo integral do País. "Temos hoje algo próximo de 42% alunos nessa situação, e vamos, com certeza, atingir a casa dos 50% ainda no próximo ano", diz.
Chacina do Curió
Localizada na avenida Odilon Guimarães, a escola fica próxima à esquina com a rua Elza Leite de Albuquerque, um dos pontos marcados pela chacina – com cinco vítimas. Ali foi apenas um dos vários cenários da matança que, segundo denúncia do Ministério Público do Ceará, foi orquestrada por 33 policiais militares na madrugada de 12 de novembro de 2015.
Segundo o MP-CE, os agentes chegaram à região durante a madrugada e começaram a atirar a esmo, aleatoriamente, contra quaisquer pessoas que encontraram na rua. Das onze pessoas mortas, nove tinham entre 16 e 19 anos.
Em outubro, a Justiça do Ceará decidiu que trinta e um dos militares acusados irão a júri popular. Eles são acusados de tentativa de homicídio e homicídios duplamente qualificados, além da prática de tortura física e psicológica. O MP argumenta que os policiais tinham conhecimento do crime, não agiram “em defesa da segurança da população” e buscaram acobertar as ações.
A defesa dos agentes alega que as provas colocadas nos autos são inconclusivas, pois a área abrangida é de grande dimensão (a Grande Messejana) e as viaturas estavam em serviço indo a locais indicados pela Ciops. Os advogados atestam ainda que as denúncias feitas pelo MP "foram realizadas às pressas para dar satisfações à sociedade".