Pedindo "Lula na cadeia", grupos de direita protestam em Fortaleza neste sábado
De acordo com o movimento Vem pra Rua, os protestos acontecem em 137 cidades brasileiras, neste sábado
17:31 | Nov. 09, 2019
Manifestantes de grupos de direita protestam no fim da tarde deste sábado, 9, na Praça Portugal, em Fortaleza. Eles se posicionam contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu, por 6 votos a 5, na última quinta-feira, 7, mudar entendimento sobre a prisão em segunda instância. A medida favoreceu políticos presos pela Lava Jato, entre eles, o ex-presidente pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva.
Dentre as palavras de ordem, gritos de "Lula na cadeia". Os participantes encenaram ainda enterro dos seis ministros do STF que votaram contra a prisão em 2ª instância. Cada cruz representava um ministro, enquanto bradavam "STF, presta atenção / Tua toga vai virar pano de chão".
O número estimado de manifestantes não foi divulgado. De acordo com o movimento Vem pra Rua, os protestos acontecem em 137 cidades brasileiras, neste sábado.
Belo Horizonte
Na capital mineira e em outros 12 municípios, estavam previstos protestos. Sem caminhões de som e com muito menos gente do que em protestos anteriores, manifestantes se reuniram na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul da capital. Os manifestantes pressionam para que o Congresso Nacional fixe na legislação a prisão em segunda instância.
O aposentado Geraldo Teixeira, 76 anos, mostrava um cartaz com a frase "STF câncer do Brasil". "Muitas pessoas estão indignadas, mas não mostram isso", disse. Para o administrador de empresas e contador Daniel Maciel, 37 anos, a decisão do Supremo deixa sensação de impunidade. "A prisão tem que ser mais rápida. É assim em outros países. Por que temos que retroceder"?, questionou.
O coordenador do Vem pra Rua em Minas, Max Fernandes, classificou a decisão do STF de "grave retrocesso". "Ficará para nós a perda de credibilidade e a sensação de impunidade, principalmente de réus ricos e poderosos. O Congresso tem o dever moral de aprovar rapidamente uma lei, ou Projeto de Emenda Constitucional (PEC), que corrija imediatamente a decisão do STF. Hoje o Brasil estará nas ruas para pressioná-los. Não há tempo para o 'mimimi'. Temos de agir e fazer ouvir o desejo do cidadão de bem, que repudia o crime e quer ver o Brasil crescer".
Rio de Janeiro
No Rio, o Movimento Vem Pra Rua reuniu poucas pessoas na manhã deste sábado, na praia de São Conrado, na Zona Sul. Os manifestantes se reuniram em torno de um pequeno carro de som e ocuparam menos de um quarteirão da praia.
Muitos deles estavam vestidos de preto em protesto contra o STF. A maioria, no entanto, manteve a tradição do movimento e se vestiu de verde e amarelo. "A decisão do STF foi um golpe, um ato político", discursou uma das organizadoras do evento, Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua/RJ. "Estamos na rua para pedir o fim da impunidade."
"A gente acordou com uma sensação de ressaca, sabe, dor de cabeça, uma sensação muito ruim", afirmou o administrador Bruno Miller, de 54 anos, que participava da manifestação ao lado da mulher, a advogada Karen Cabral, de 42 anos. "A gente dá dez passos para frente e cinco para trás, mas o Brasil está mudando, vai mudar."
Recife
Na capital pernambucana, manifestantes ocuparam uma quadra da via em caminhada de 1 quilômetro desde a Padaria Boa Viagem até o Segundo Jardim. Essa foi a primeira participação da cobradora de ônibus Isabela Regina, de 34 anos, em movimento pró-Bolsonaro. "Estou aqui pela PEC 410 e apoiando o pacote anticrime do (Sérgio) Moro. Viemos hoje não pelo presidente, mas pela nação, para acabar com essa safadeza do STF de ter soltado os bandidos", disse.
A PEC 410, que deve ser votada em comissão na Câmara dos Deputados na próxima semana, permite prisão depois de condenação em segunda instância.
A cobradora, que apoia o Vem Pra Rua pelas redes sociais, acredita que o movimento é sensato e importante para o País. "É uma necessidade para todos nós brasileiros, temos que lutar contra essa impunidade na soltura de bandidos".
Já a psicóloga Sheyla Paes, de 40, afirmou que começou a frequentar protestos em Boa Viagem pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que, desta vez, se revoltou com decisão do Supremo. "Eu apoio o evento, apoio Bolsonaro, a PEC, a intervenção militar, porque chegou numa situação que é tudo ou nada, não tem meio termo", ressaltou.
Sheyla acredita que a interpretação da Constituição alterada pela Corte na última quinta-feira beneficia pessoas ricas. "Chegou ao ponto de (o STF) soltar pessoas corruptas. Bandidos, estupradores, assassinos vão ser soltos por advogados. Quem tem grana está solto hoje". Procurada, a Polícia não estimou o público presente na Avenida Boa Viagem.
Com informações do repórter Carlos Mazza
Com informações da Agência Estado