Eunício recebeu propina da Petrobras em dinheiro vivo na Suíça, diz delator
O delator é ex-executivo do grupo Trafigura, uma multinacional de comércio de petróleo. Eunício nega as acusaçõesEmpresário disse que pagou propina ao ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE) em troca de obter mais contratos na Petrobras. Mariano Marcondes Ferraz, que tenta fechar acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, delatou que os pagamentos ao político eram feitos em uma conta do próprio cunhado do empresário, "cujo beneficiário final" seria Eunício.
As informações foram divulgadas na noite desta sexta-feira, 8. Ao UOL, o ex-parlamentar refutou as denúncias. Já ao O POVO Online, a assessoria de imprensa do ex-senador disse que analisa posicionamento oficial.
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Condenado a dez anos de prisão pelo então juiz Sérgio Moro e denunciado novamente pela Operação Lava Jato, Ferraz é ex-executivo do grupo Trafigura, uma multinacional de comércio de petróleo. Ele tenta um acordo com os investigadores, mas não obteve sucesso até hoje, segundo fontes ligadas ao caso informaram ao UOL.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu o pedido de colaboração premiada da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, mas mandou tudo de volta para os procuradores de primeira instância. Ela entendeu que não há políticos com foro privilegiado no caso ou fatos que tenham ocorrido durante o mandato deles. Por isso, o caso voltou a ser analisado pela força-tarefa do Ministério Público, que decidirá se aceita ou não o acordo proposto pela defesa de Ferraz.
Negócios
Nos depoimentos ao Ministério Público, Ferraz disse que, por volta de 2002 e 2003, sugeriu a Eunício indicar Leonardo Goldenberg e Otávio Cintra para cargos na Petrobras. Deu certo e os dois acabaram nomeados para cargos na BR Distribuidora.
Os negócios de uma das empresas de Ferraz, Fonte Negócios começaram a melhorar a partir daí. "Os referidos funcionários [Goldelberg e Cintra] beneficiavam a Fonte Negócios, nos processos de compra de produtos pela Petrobras, acarretando o aumento do volume de vendas", narra a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no documento interno do Ministério Público.
De acordo com a PGR, as propinas eram pagas com esse dinheiro do lucro. Um dos meios de distribuir o dinheiro da corrupção era, segundo Ferraz, mandar dinheiro ao exterior para Eunício. Ele usava uma conta no banco UBS, na Suíça, cujo titular era o próprio cunhado, Antônio Venâncio. Mas o "beneficiário final seria o então deputado federal Eunício Oliveira", narra Dodge no documento.
O empresário entregou o número da conta aos procuradores. Outra forma de repassar dinheiro seriam saques em espécie na agência Belletour, no Rio de Janeiro, com a ajuda de um doleiro chamado Wander. Os valores eram entregues a "agentes públicos" depois, segundo Dodge. A terceira forma de pagar propina era usar contas no exterior em nome de Goldenberg e Cintra.