"Vou te matar com explosivos" estava entre ameaças recebidas por Jean Wyllys; confira outras
Em pouco mais de três anos, Jean Wyllys enfrentou uma rotina diária de ameaças de morte e declarações preconceituosas que atingiam até mesmo seus familiares
19:59 | Jan. 25, 2019
Decisão de Jean Wyllys (PSOL) de desistir de assumir o terceiro mandato de deputado federal e deixar o País pegou a população brasileira de surpresa nessa quinta-feira, 24. Em pouco mais de três anos, o político enfrentou uma rotina diária de ameaças de morte e declarações preconceituosas que atingiam até mesmo seus familiares.
"Vou te matar com explosivos", "já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça?", "vou quebrar o seu pescoço", "aquelas câmeras de segurança que você colocou não fazem diferença", estavam entre as mensagens recebidas pelo deputado nos últimos anos, no qual O Globo teve acesso.
Por conta das ameaças, em março de 2018, ele começou a ser escoltado por três agentes e transportado com o auxílio de dois carros blindados. Escritório ocupado pela equipe de Wyllys, no Rio de Janeiro, também foi desocupado por recomendação do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara (Depol).
As declarações mais pesadas começaram a chegar às redes sociais, e-mail e até mesmo telefone pessoal de Wyllys em dezembro de 2016. Em um e-mail anônimo, dados como endereços de todos os familiares, placas de carro que ele já teve acesso e informações pessoais sobre sua família chegaram ao deputado e seus irmãos. A partir dessas mensagens, foi dado início a uma investigação da Polícia Federal.
Já no mês seguinte, outro autor voltou a ameaçar Wyllys, dessa vez com explosivos. "Eu vou espalhar 500 quilos de explosivo triperóxido de triacetono. Esse explosivo é tão perigoso e potente que é chamado de mãe de Satan pelos terroristas do Estado Islâmico. Se vocês duvidam, apenas vejam como é fácil produzir o explosivo", dizia a mensagem.
"Vamos sequestrar sua mãe, estuprá-la e desmembrá-la e vários pedaços que vamos ter enviar pelo Correio. Matar você seria um presente, pois aliviaria a sua existência tão medíocre. Por isso vamos pegar a sua mãe, porque aí você vai sofrer", dizia uma outra ameaça recebida em março de 2017.
Em março de 2018, na missa de sétimo dia do assassinato da vereadora Marielle Franco, Jean voltou a receber novas ameaças. "A mensagem dizia que sabiam exatamente onde ele estava e que ele deveria tomar muito cuidado porque seria o próximo", contou Rodrigo Veloso, um dos assessores do deputado.
Com as constantes ameaças, em outubro do ano passado, Wyllys resolveu entrar com um pedido de medida cautelar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA). Na denúncia, ele relatou a falta de medidas protetivas do Brasil com as ameaças sofridas.
"Hoje, Wyllys está sendo compelido a viver quase que sem sair de sua residência, limitando seus compromissos ao estritamente necessário no campo profissional. Não tem levado vida normal, saudável ou tranquila. Vive aos sobressaltos, por si mesmo e por sua família. Suas dificuldades são enormes e algumas intransponíveis, desde o ato simples de pedir uma pizza e ter que divulgar seu endereço até receber amigos em casa", dizia o documento enviado à OEA.
Redação O POVO Online