Guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho afirma que não quer papel no governo: "Deus me livre"
Olavo concedeu entrevista à Moisés Rabinovici no programa "Um olhar sobre o Mundo", da TV Brasil
22:12 | Dez. 03, 2018
Morando nos Estados Unidos, Olavo afirmou acreditar que o Brasil deveria ser "mais duro" com a China. Moisés Rabinovici, que conduzia a entrevista, o questionou esse posicionamento: "Se formos duros com a China, dependeremos dos Estados Unidos". Para Olavo, a ação ainda compensa.
"O que você acha melhor se nós estamos numa posição de dependência? O melhor é depender dos Estados Unidos ou depender da China?", questionou. Segundo ele, a prosperidade chinesa é mal distribuída e, no fim das contas, o País não consegue sustentar nem a si mesmo. Para ele, mesmo que a ameaça de retirar negócios do Brasil seja concretizada, o prejuízo não iria perdurar. "Se a China retirar o dinheiro deles, nós perderemos capital, mas recuperaremos depois com os Estados Unidos."
[SAIBAMAIS]
Quando passou a falar sobre a política brasileira, Olavo de Carvalho disse que já havia previsto a onda conservadora no País. "Todas as previsões que fiz com o meu método, estiveram certas. Há 20 anos atrás, eu disse que o candidato que se apresentasse com discurso conservador, venceria. Bolsonaro venceu".
Segundo ele, apesar da maioria da população ser conservadora, o Brasil vinha sendo controlado pela esquerda há 50 ou 60 anos. "O Lula comemorou que, por duas eleições, só participaram candidatos da esquerda. Isso, pra ele, era democracia. Mas não é". Para Olavo, isso acontecia apenas por que a maioria conservadora da população não se sentia representada e acabava elegendo representantes da esquerda.
Olavo afirma que criou uma linguagem própria por acreditar que se usava a linguagem "da esquerda" nas conversas de direita. "Quando você usa a linguagem do inimigo, você já perdeu. Por isso eu criei a linguagem da direita", explicou.
Sobre Jair Bolsonaro, ele explicou que o presidente eleito teria o oferecido os ministérios da Educação e da Cultura, mas ele recusou os dois. "Para não dizer que a minha má vontade é total, eu disse que aceitaria, em hipótese, ser embaixador nos Estados Unidos" disse ele, que afirma acreditar ser útil no cargo por poder conseguir investimentos do Estados Unidos para o Brasil.
Mas, mesmo com tal afirmação, Olavo indica que não aceitaria um cargo no novo governo. "Ao Bolsonaro, eu posso dar um palpite, mas não quero ter um papel no governo. Deus me livre". Embora considerado "guru" do novo presidente, o filósofo afirma que não deve comparecer à posse. "Tenho por norma: quando saio de um lugar (Brasil), não volto mais".
Imprensa
Olavo comentou as similaridades entre Donald Trump, que dispensou o trabalho da imprensa e pretende criar um meio próprio para divulgar as notícias do governo, e Bolsonaro, que anuncia seus ministros por meio do Twitter. "Os dois casos são diferentes. Nos Estados Unidos, a rádio é de direita, enquanto a mídia impressa e a televisão são de esquerda. No Brasil, a mídia é 100% esquerdista, não existe a direita. Tem de se abrir caminho à 'cotoveladas'".
Comentários foram feitos sobre Donald Trump e seu modo de governar: "Se eu fosse o Trump, teria quebrado as pernas dos inimigos antes de resolver os problemas nacionais. Mas, ele fez o contrário. Talvez ele tenha alguma rabo preso. Só vamos saber a verdade daqui a uns 40 anos".
"Trump tem uma linguagem muito boa pra falar com o povo, mas não pode falar assim com a mídia. Ele tem aquele jeito de 'showman', que impressiona o público, mas a mídia pode transformar uma piada em mentira".
Por fim, Olavo de Carvalho deixou recado para a mídia brasileira: "Deixem de ser caipiras e de acreditar que democracia é o governo eterno da esquerda. Vocês falam de democracia, mas não sabem o que é. Durante 50 anos, a maioria conservadora da população não foi representada pelo governo e vocês da mídia estiveram bem com isso. Não se pode ter governo somente de esquerda. A direita também pode governar, mas a esquerda deve voltar, depois. Você são comunistas radicais e não sabem disso".
Quando perguntado se voltaria a escrever para a mídia brasileira, Olavo de Carvalho afirmou que apenas por "muito dinheiro e com garantias trabalhistas formais".
Redação O POVO Online