Sindicato defende professor que retratou Bolsonaro como nazista em prova no interior do Ceará
Para o sindicato, as intimidações que o profissional tem recebido são reflexo do contexto político "polarizado, onde a intolerância tem tomado cada vez mais espaço"O Sindicato dos Professores e Servidores da Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc) defendeu, em nota, o professor de língua portuguesa que, em questão de prova do ensino fundamental II, retratou o candidato Jair Bolsonaro (PSL) como nazista. Segundo o sindicato, o profissional tem sido intimidado após o ocorrido. O caso se deu em Solonópole, no interior do Estado, a 268 km de Fortaleza.
A organização diz que o docente conversou com os alunos e a direção da escola sobre a questão, que já teria sido superada. O sindicato diz, inclusive, que vários alunos manifestaram apoio ao professor nas redes sociais.
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Para o sindicato, as intimidações que o profissional tem recebido são reflexo do contexto político "polarizado, onde a intolerância tem tomado cada vez mais espaço". O profissional, segundo o sindicato, tem recebido auxílio jurídico.
"A Apeoc acredita que a sala de aula seja um lugar de debate franco e
aberto. Não aceitamos qualquer forma de cerceamento de liberdade de expressão", diz a nota.
Confira nota na íntegra:
"O Sindicato Apeoc manifesta seu total e irrestrito apoio ao professor
Francisco Antônio Pinheiro, conhecido como França Pinheiro, docente da
rede municipal de Solonópole e repudia toda e qualquer forma de
intolerância e tentativas de silenciar a Escola Pública.
O professor França vem sendo intimidado depois de ter aplicado uma
questão em prova sobre um candidato à presidência da República. Por ter
gerado muita polêmica, o docente anulou a questão, conversou com os
alunos e a direção da escola sobre o ocorrido e tudo foi superado no
âmbito da comunidade escolar. Vários alunos declararam apoio ao
professor nas redes sociais.
A Apeoc acredita que a sala de aula seja um lugar de debate franco e
aberto. Não aceitamos qualquer forma de cerceamento de liberdade de
expressão. É bom lembrar que a Lei Federal n° 9.394, que estabelece as
diretrizes e bases da Educação Nacional, que diz em seu Artigo 3°, que o
ensino tem como princípios base a liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber, o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, além do respeito à
liberdade e apreço à tolerância.
O Sindicato tem prestado toda a assessoria jurídica ao educador.
Consideramos que o ocorrido e a proporção que tomou é consequência do
atual cenário político brasileiro, polarizado, onde a intolerância tem
tomado cada vez mais espaço. Prezamos pela liberdade de expressão, tanto
dos professores como de toda a comunidade escolar".