Documentos mostram que Ciro Gomes, quando era estudante, defendeu anistia de torturadores
O hoje candidato à Presidência foi monitorado por órgãos de inteligência das Forças Armadas durante e após a ditadura. Nos documentos, constava apoio do político, então estudante, a movimento de direita
12:55 | Ago. 06, 2018
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Órgãos de inteligência das Forças Armadas monitoraram o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) durante e após o fim do regime militar. Em documentos, o político, então estudante, aparece contra o julgamento de torturadores do período durante encontro estudantil. Também é citado quando ele foi preso em 1979 durante greve em Fortaleza. Dados são de fichas armazenadas pelo extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), criado em 1964 e extinto em 1990).
Conforme o portal Uol, que teve acesso aos documentos no Arquivo Nacional, há informações do período em que Ciro foi militante estudantil, deputado estadual e concorreu ao cargo de prefeito de Fortaleza (CE). Em 7 de agosto de 1979, consta arquivos sobre uma greve de motoristas e trocadores de ônibus da capital cearense ocorrida em junho daquele ano. Ciro aparece em uma lista de 12 estudantes que foram detidos pela Polícia Militar e definidos como “esquerdistas”.
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Três meses depois, Ciro Gomes foi a São Paulo para participar do 1º Encontro Nacional dos Estudantes Não-Alinhados, onde estudantes ligados à direita e críticos às lideranças de esquerda estavam reunidos. No documento produzido pelo Cisa-RJ (Centro de Informações da Aeronáutica do Rio de Janeiro) sobre a ocasião, constam propostas de participantes. Ciro aparece defendendo a anistia dos torturadores por não haver “documentação legal que comprove os crimes de repressão”. "O estudante CIRO FERREIRA GOMES considerou que deveria ser esquecida a ideia de julgamento de torturadores", consta no documento.
No documento, Ciro parece aos militares estar preocupado com um endurecimento do regime. "Que a expressão 'punição dos torturadores' era por julgamento sumário e não se pretendia isso, e sim o julgamento dos torturadores; mas que essa composição poderia dar à ditadura uma ideia de revanchismo, o que poderia endurecer ainda mais o regime”, teria dito na ocasião. Para o caso, o estudante defendeu a "Anistia Ampla, Geral e Irrestrita".
Os arquivos também mostram Ciro durante as eleições para a Prefeitura de Fortaleza. Para os militares, Ciro recebeu total apoio do então governador Tasso Jereissati, que não mediu esforços em "usar a máquina administrativa do estado e seu prestígio pessoal e político em favor" de Ciro Gomes. Ligado à direita, o primeiro partido de Ciro foi o PDS, advindo da Arena.
O POVO Online tentou entrar em contato com a assessoria do candidato com questionamentos sobre o caso. Não teve, no entanto, ligações atendidas.
Redação O POVO Online