Dilma: 'Haverá a mais incansável oposição que um governo golpista pode sofrer'
16:12 | Ago. 31, 2016
O pronunciamento de Dilma durou quinze minutos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou a presidente cassada, que foi recebida aos gritos de "Dilma, guerreira, da pátria brasileira". Senadores, deputados, dirigentes de partidos aliados e integrantes de movimentos sociais também estavam ao lado dela. Não faltaram críticas à imprensa, chamada pelos manifestantes de "mídia golpista". Na despedida de Dilma, gritos de "Fora Temer" e "Ocupar e Resistir até o Temer cair" ecoaram pelo Alvorada.
"Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados", afirmou a presidente cassada.
Recurso
Acompanhada de parlamentares que votaram contra o impeachment, Dilma afirmou ainda que vai recorrer "em todas as instâncias possíveis" contra o que classificou de "fraude".
Ela disse que a decisão do Senado de afastá-la definitivamente da Presidência vai entrar na história como uma das grandes injustiças e que os 61 senadores que deram o voto para cassá-la "escolheram rasgar a Constituição". "Condenaram uma inocente e consumaram o golpe militar".
"Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles", afirmou.
No discurso, Dilma enalteceu ações do seu governo e de Lula, principalmente na área social. "Por mais de 13 anos realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história do nosso País", afirmou. Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano", completou Dilma.
A presidente encerrou o discurso com um poema do poeta russo Maiakóvski: "Não estamos alegres, é certo/Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?/O mar da história é agitado/As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,/Rompê-las ao meio/Cortando-as como uma quilha corta." "Um belíssimo alento", disse Dilma ao se despedir, deixando um "carinhoso abraço" a todo povo brasileiro.