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Vereador "A Onde É" é preso em flagrante por crime de concussão

O parlamentar foi preso em flagrante em agência bancária com o dinheiro de funcionário; vítima afirma que era obrigado a entregar valor integral do salário
14:23 | Set. 26, 2014
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Tipo Notícia

Atualizada às 17h50min

O vereador de Fortaleza Antônio Farias de Souza (PTC), o A Onde É, foi preso em flagrante nesta sexta-feira, 26. O vereador está no 2° Distrito Policial, no bairro Meireles. De acordo com a delegada Socorro Portela, do 2° DP, A Onde É foi preso, por volta do meio-dia, na agência do Banco do Brasil da avenida Monsenhor Tabosa, com o dinheiro de um assessor. No carro do parlamentar, foi encontrada quantia de R$ 6 mil.

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A vítima estava com o vereador e confessou estar sendo constrangido a entregar ao parlamentar o valor integral do salário, R$ 1.900, há dois meses, segundo Socorro Portela. O assessor disse ainda que, em setembro, pediu demissão do cargo, mas o pedido foi negado pelo vereador.

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A delegada ressaltou que o flagrante não foi armado e o vereador se mostrou “atordoado”  para explicar o dinheiro e “parecia se sentir traído”. Segundo a vítima, ele trabalha com Antônio Farias desde 2013, mas a extorsão começou nos últimos meses.No carro do vereador, foi encontrada quantia de cerca de R$ 6 mil em espécie, segundo o policial que esteve na ocorrência.

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A Onde É foi autuado pelo artigo 136 do Código Penal que prevê o crime de concussão, que acontece quando funcionário público exige para si ou para outrem vantagem indevida, direta ou indiretamente. O crime é punido com pena de reclusão de dois a oito anos e multa. Não cabe fiana. Conforme a delegada, o vereador deve ser encaminhado para a Delegacia de Capturas, no Centro de Fortaleza, ainda nesta sexta-feira. Ela afirmou que não há foro privilegiado para o parlamentar.

A Onde É não falou com a imprensa. Seu advogado, Leandro Vasquez, afirmou que a ação da Polícia foi um “mal entendido” e disse que a investigação do Ministério Público é “indevida”. Ele insinuou ainda que o vereador estava sendo alvo de vigilância constante da Polícia.

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Ministério Público
De acordo com o promotor da Procuradoria de Crimes contra a Administração Pública (Procap), Luiz Alcântara,  o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil atuaram em conjunto nas investigações contra o vereador. A delegada destacou a parceria, mas frisou que o flagrante foi executado sob responsabilidade da Polícia Civil.

Antônio Farias, que tentou se candidatar a deputado estadual, mas teve pedido indeferido, é investigado pela Procap por suposto desvio de Verba de Desempenho Parlamentar na Câmara Municipal. O parlamentar é acusado de repassar para assessores apenas parte de seus salários na Casa, guardando para si o valor restante.

O promotor da Procap Ricardo Rocha frisou que o órgão “comprovou suas suspeitas”. Ele negou que houvesse vigilância constante da Polícia ao vereador, conforme acusou o advogado, e afirmou que a Polícia agiu mediante da denúncia de que o fato aconteceria. 

Cobrança de pedágio
Em 8 de agosto, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na residência e no gabinete do vereador A Onde É e do seu chefe de gabinete, Claudemir da Silva Veras, acusados de apropriar-se de parte de sua Verba de Desempenho Parlamentar (VDP) destinada ao pagamento de salários dos assessores, prática conhecida no meio político como “cobrança de pedágio”.

A Onde É também é acusado de locação fictícia de veículos e aquisição de combustível para fins particulares, dentre outros. Segundo a Procap, o esquema foi delatado pelos próprios assessores.

A investigação foi iniciada em 2011 para investigar possível compra de apoio parlamentar pela gestão Luizianne Lins tendo emendas parlamentares como moeda de troca. Questões envolvendo as VDP entraram na investigação em abril de 2014.

Supostos funcionários do vereador já foram ouvidos pela Procap, mas ele ainda não teve depoimento colhido porque Leandro Vasquez cobra acesso aos documentos da investigação, o que foi negado pelo MP.

O pedido de certidão indeferido pela Procap solicitava que o órgão explicasse “de quem é a autoridade com prerrogativa de foro que tenha relação com os citados investigados e que se encontre sob investigação nos autos”. Vasques defendeu que, pelo processo ter sido iniciado antes de A Onde É ser empossado e por envolver a já encerrada gestão Luizianne Lins - portanto, sem foro privilegiado -, o caso deveria ser remetido à Justiça comum.

 

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