Putin chega no fim da semana ao País com agenda própria
Putin chega ao Rio de Janeiro no sábado, para assistir no domingo a final da Copa do Mundo. Como sede da competição de 2018, já teria lugar no encerramento. Mas, o pedido do presidente da China, Xi Jinping, de que a Cúpula dos Brics fosse marcada para logo depois da Copa do Mundo, veio a calhar para Putin. Na segunda-feira, o presidente russo será o primeiro chefe de Estado do grupo a ser recebido por Dilma em uma visita de Estado.
A posição de conhecida neutralidade do governo brasileiro ajuda, de certa forma, a ambição por apoio, mesmo que não explícito, da Rússia. Não está nos planos do governo brasileiro tratar abertamente da crise, a menos que durante a próxima semana as conversas entre russos e ucranianos tragam uma solução para a crise. Se isso ocorrer, Putin pode esperar um declaração no tradicional estilo diplomático brasileiro, de louvar as tentativas de ambos os lados para uma solução pacífica.
Sem compromisso
Se o presidente russo levantar o assunto com Dilma, o que a diplomacia brasileira espera que ocorra, será atentamente ouvido, mas não terá nenhum tipo de compromisso de apoio explícito em retorno. Ainda assim, ser fotografado com os presidentes do Brasil, da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Jacob Zuma, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pode ser usado para reforçar a ideia de que a Rússia não está isolada como tentariam passar europeus e americanos.
Para o Brasil, a demonstração de que não entrará na cruzada contra os russos já rendeu frutos. Um dos assuntos mais recorrentes entre os dois países, as barreiras fitossanitárias impostas à carne brasileira pelos russos, é um assunto hoje de menor importância. Neste momento, 50 frigoríficos brasileiros estão certificados para exportar carne para o país. Há um ano e meio, durante a visita de Dilma a Moscou, não havia nenhum. O processo de certificação se acelerou depois da crise da Crimeia, quando a Rússia passou a sofrer com embargos de outros tradicionais fornecedores.
Desde de o início da crise na Crimeia, o governo brasileiro, por orientação direta da presidente Dilma Rousseff, evitou qualquer tipo de declaração, apesar da pressão explícita de países como os Estados Unidos, Inglaterra e França. Em fevereiro, uma nota do Itamaraty pedia uma "solução pacífica e com respeito aos direitos humanos", com o extremo cuidado de não criticar nenhuma das partes.
Na única votação sobre o tema na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil se absteve, a pedido da Rússia, mas com uma desculpa convincente: o texto afirmava que o plebiscito que decidiu pela união da Crimeia à Rússia teria sido fraudado, mas não há provas disso. A posição defendida pela presidente era clara: não era momento às vésperas da Cúpula de comprar uma briga contra um dos países do grupo, interessante para o Brasil não apenas pelo poder econômico, mas também pela articulação política.
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