Humaitá: prefeito pede assistência do Exército a índios
18:30 | Jan. 02, 2014
As buscas pelos três homens desaparecidos desde 16 de dezembro quando cruzavam a reserva indígena continuavam sem sucesso. As famílias estavam apreensivas com os boatos que circulam nas redes sociais dando conta de que os corpos teriam sido encontrados e estariam escondidos para evitar o acirramento nos ânimos. O advogado contratado pelos familiares, Carlos Terrinha, informou que até a tarde desta quinta-feira não havia indício dos três homens - o professor Stef Pinheiro, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador. Eles teriam sido mortos pelos índios em represália ao suposto assassinato do cacique Ivan Tenharim - segundo a versão da polícia, o cacique se acidentou com sua moto.
De acordo com o advogado, apesar de terem garantido à Polícia Federal que ajudariam na busca de informações sobre os desaparecidos, os caciques indígenas não estariam colaborando com as investigações. As buscas das forças federais ocorrem a partir do km 130 da rodovia Transamazônica (BR-230), onde o automóvel Gol de cor preta no qual viajavam os desaparecidos teria sido avistado pela última vez. O local tem mata fechada e de difícil acesso. As forças de segurança na região somam 500 homens. Cerca de 300 soldados do Exército, Força Nacional e agentes da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal estão envolvidos nas buscas, no controle da passagem pela reserva e na proteção dos índios. Outros 200 homens das polícias estaduais garantem a segurança em Humaitá.
As lideranças indígenas enviaram um documento à presidência da Funai, em Brasília, pedindo a criação de um grupo de trabalho para reconstruir a sede do órgão em Humaitá. Assinado por onze líderes, o documento pede ainda o restabelecimento no envio de alimentação e remédios, além de segurança para cerca de 20 índios que trabalham na cidade, como funcionários da própria Funai, da prefeitura e o serviço de saúde indígena. Entre os funcionários da prefeitura está o cacique Ivanildo Tenharim, que é secretário municipal e teve de se afastar do trabalho. Ele estava entre os 140 índios que se refugiaram no batalhão do Exército durante a revolta de 25 de dezembro.
Em nota, a Funai informou que não há qualquer impedimento dos índios para a realização de buscas na terra indígena e que, desde o início, a fundação e as lideranças indígenas se colocaram à disposição para colaborar com a operação de busca dos desaparecidos. Quando aos prejuízos causados pelos atos de destruição ao patrimônio da União, foram abertos inquéritos junto à Polícia Federal para apurar os responsáveis. A Funai informou ainda que está em articulação com a Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e Exército para garantir assistência aos índios da reserva Tenharim Marmelos.