Famílias querem Exército nas buscas em Humaitá
18:20 | Jan. 03, 2014
Os batalhões de selva são unidades de elite do Exército brasileiro e se orgulham de ter os soldados mais preparados do mundo para operações em floresta. Por serem forças de ação rápida e estratégica, atuam principalmente em áreas de fronteira e têm unidades formadas por índios da região amazônica. Além do preparo militar, os soldados indígenas falam a língua e conhecem os costumes de vários povos. Uma das unidades, o 54º Batalhão de Infantaria de Selva, está sediado em Humaitá. "Não é razoável que, tendo homens tão preparados para operações na selva, o Exército esteja apenas dando suporte às ações da Polícia Federal e controlando o acesso à região", disse Terrinha.
As buscas visam à localização do professor Stef Pinheiro e de dois amigos, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador, que estavam de carro quando desapareceram. O veículo também não foi localizado, levando à suposição de que foram mortos pelos índios. Na noite de quinta-feira, o advogado conversou com o general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada de Porto Velho, ao qual é subordinado o batalhão de Humaitá, sobre a entrada do Exército nas buscas na selva. "Ele concordou com o argumento, mas disse que a decisão é superior." O advogado pretende aproveitar a visita que o general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, comandante do Comando Militar da Amazônia, fará à cidade na segunda-feira para tratar do assunto. "Os familiares dos desaparecidos estão muito preocupados, pois as buscas não avançam. A entrada dos cães farejadores na área só ocorreu na quinta-feira e a informação que nos passaram é de que os cães estavam estressados", contou Terrinha. Ele disse ter entregue à Polícia Federal um croquis da área em que o carro foi visto pela última vez, sendo empurrado por índios, na região do Igarapé Preto. "O problema é a falta de informações, há um silêncio total sobre tudo."
O general Poty informou que a investigação sobre o desaparecimento dos três civis, em princípio, cabe à Polícia Federal. O trabalho do Exército, definido pelo Ministério da Defesa, é de apoio logístico, comunicação, alojamento, alimentação e orientação dos trabalhos na selva. Para isso, foram montadas bases avançadas ao longo da BR-230. O patrulhamento na rodovia cabe à Polícia Rodoviária Federal. Homens da Força Nacional de Segurança atuam na defesa da reserva e da integridade de quem trafega pela rodovia Transamazônica. O delegado Alexandre Alves, que comanda as buscas, estava na área das buscas e não foi localizado nesta sexta-feira.