Palestina: conheça o país envolvido na guerra Israel-Hamas

Dos impactos da colonização britânica à criação do estado de Israel, entenda as origens da Palestina e do conflito Israel-Hamas

21:22 | Out. 23, 2023

Por: Penélope Menezes
Conheça a Palestina e entenda as origens do país impactado pelos conflitos (foto: hosnysalah/Pixabay)

É o historiador grego Heródoto que apresenta ao público um dos primeiros registros da região Palestina. “Os fenícios e os sírios da Palestina prepararam 300 navios”, relata em sua descrição da invasão persa na Grécia.

Após a Primeira Guerra Mundial, o país foi um dos territórios sob comando otomano a ter sua administração transferida ao Reino Unido pela Liga das Nações, em 1922. Mas enquanto as outras regiões eventualmente se tornaram independentes, a Palestina permaneceu incorporada ao Mandato Britânico até 1947.

Conheça as origens históricas do país e entenda o contexto da guerra Israel-Hamas.

Onde é a Palestina hoje?

O território palestino atualmente está situado em uma área não contínua que reivindica a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

O que é a Faixa de Gaza?

A Faixa de Gaza é um espaço fronteiriço entre o Egito e Israel com população aproximada de 2,1 milhões, incluindo 1,7 milhões de refugiados palestinos, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ainda de acordo com a ONU, o território, banhado pelo Mar Mediterrâneo, possui 81,5% de seus habitantes em situação de pobreza e uma taxa de desemprego geral de 46,6% (48,1% para os refugiados palestinos que vivem nos campos).

A área é controlada pelo grupo Hamas desde 2007, seguindo a expulsão da Autoridade Palestina de Gaza.

Por que a guerra entre Israel e Palestina?

O conflito territorial possui parte de suas origens na Declaração de Balfour, carta endereçada a Lionel Walter Rothschild, o Barão Rothschild, líder da comunidade judaica no Reino Unido, em 1917.

Em 67 palavras, o secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, afirmou visão favorável para “o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o povo judeu”.

A decisão se relacionava com o conceito de sionismo, citado por Theodor Herzl em 1896. O movimento defende a autodeterminação judaica e a sua materialização em um estado próprio.

Após incentivos do Império Britânico à imigração judaica e a consequente supressão da Revolta Árabe de 1936, o Reino Unido anunciou a saída da Palestina em 1948, ao deslocar a questão do território para a ONU.

Anteriormente, em 29 de novembro de 1947, a ONU sugeriu a “Partilha da Palestina”, que culminaria no estado de Israel. “A partilha, ou Resolução 181 da ONU, votada em novembro de 1947, recomendava 57% dos territórios aos colonos judeus”, explica Marcos Feres, coordenador do núcleo de comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em 1948, Israel se denominou como um país independente e foi reconhecido pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

O que é a Nakba?

O termo “nakba”, de origem árabe, significa “catástrofe” ou “desastre” e é utilizado para descrever os impactos à população palestina durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense, em 1948. Dados da ONU estimam que mais de 750 mil palestinos foram forçados a deixar suas terras na época.

Palestina e o orientalismo

Em sua obra “Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente”, o estudioso palestino Edward Said destaca o termo como a universalização do imaginário sobre povos não-ocidentais, associado a um processo colonizador.

“Os conceitos de terrorismo, de que os palestinos são ‘malvados’, ‘selvagens’ e ‘animalescos’ são construções orientalistas usadas justamente para autorizar a narrativa de que o dito ‘ocidente’ está combatendo bárbaros incivilizados, por exemplo”, explica Feres.

Qual a religião do povo palestino?

De acordo com relatório do Departamento de Estado dos EUA, a maioria dos palestinos na Cisjordânia e Faixa de Gaza é muçulmano sunita, com pequenas comunidades muçulmanas xiitas e ahmadi.

A demografia religiosa também inclui a presença de cerca de 50 mil palestinos cristãos na Cisjordânia e em Jerusalém, com aproximadamente 1.300 cristãos residindo em Gaza.

Países que reconhecem a Palestina

Dos 193 países-membros da ONU, 138 reconhecem a Palestina como um estado, incluindo o Brasil. Em 2012, as Nações Unidas declararam o território como um “estado observador não membro”, permitindo a participação palestina em debates na Assembleia Geral.

Quem governa a Palestina?

A área da Cisjordânia permanece sob ocupação israelense desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. O território apresenta um governo civil parcial da Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, do partido Fatah (sigla árabe para Movimento de Libertação Nacional da Palestina).

Na Faixa de Gaza, o Hamas está no poder desde 2006.