UE multa Apple e Meta por violarem lei antitruste

UE multa Apple e Meta por violarem lei antitruste

Autor DW Tipo Notícia

Gigantes de tecnologia sediadas nos EUA terão que pagar, juntas, 700 milhões de euros. Empresas reclamam da penalidade, que amplia tensão entre o bloco europeu e Donald Trump.A Comissão Europeia multou nesta quarta-feira (23/04) as gigantes da tecnologia Apple e Meta em 500 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões) e 200 milhões euros (R$ 1,3 bilhão), respectivamente, por violarem a Lei dos Mercados Digitais (DMA) da União Europeia (UE). A Apple foi condenada por não cumprir com sua obrigação de "anti-direcionamento”, enquanto a multa contra a Meta se deve ao fato de a empresa não ter dado aos consumidores a possibilidade de escolher um serviço que utilizasse menos dados pessoais, outra regra da DMA. Entretanto, a UE também encerrou outra investigação contra a Apple depois que a gigante da tecnologia passou a cumprir a lei sobre o oferecimento de livre escolha aos usuários. A mudança fez com que ficasse mais fácil selecionar um navegador padrão e remover aplicativos pré-instalados, como o Safari. A que se referem as multas? A Apple foi multada após a Comissão concluir que a empresa impedia os desenvolvedores de aplicativos de direcionar clientes para fora da App Store da Apple, para que acessassem ofertas mais baratas. No caso da Meta, a multa se refere ao seu sistema de "pagamento por privacidade". O modelo forçava os usuários a pagarem para evitar a coleta de dados ou a concordarem em compartilhar seus dados com o Facebook e o Instagram (de propriedade da Meta), caso quisessem continuar usando as plataformas gratuitamente. A Comissão concluiu que a Meta não forneceu aos usuários do Facebook e do Instagram uma versão menos personalizada, porém equivalente, das plataformas, além de "não permitir que os usuários exercessem seu direito de consentir livremente com a combinação de seus dados pessoais". Segundo a Comissão, a multa aplicada à Meta se referia apenas ao período durante o qual os usuários da UE tiveram a opção exclusiva de "consentimento ou pagamento", de março de 2024 a novembro de 2024. Ao final desse período, a Meta introduziu um novo modelo de anúncios que supostamente utiliza menos dados pessoais, que está atualmente sob análise dos reguladores da UE. Risco de mais tensões entre UE e EUA Ambas as empresas reclamaram sobre as penalidades, a primeira aplicada sob a DMA, que entrou em vigor em 2023. Em comunicado, a Apple afirmou que recorrerá da multa. "Os anúncios de hoje são mais um exemplo de como a Comissão Europeia visa injustamente a Apple em uma série de decisões que são prejudiciais à privacidade e à segurança de nossos usuários, prejudiciais aos produtos e nos obrigam a oferecer nossa tecnologia gratuitamente", afirmou. "Gastamos centenas de milhares de horas de engenharia e fizemos dezenas de alterações para cumprir essa lei, nenhuma das quais solicitada por nossos usuários. Apesar de inúmeras reuniões, a Comissão continua alterando as metas a cada passo do caminho", prosseguiu o comunicado. A Meta, por sua vez, acusou o bloco de "tentar prejudicar empresas americanas bem-sucedidas, ao mesmo tempo em que permite que empresas chinesas e europeias operem sob padrões diferentes". As multas devem aumentar as tensões nas relações entre a UE e o presidente dos EUA, Donald Trump, que frequentemente acusa o bloco de adotar um comportamento injusto em relação às empresas americanas. No entanto, a analista política Giulia Torchio, do think tank European Policy Center, de Bruxelas, disse à DW que, se a UE aceitasse negociar suas regulamentações digitais com os EUA, isso enviaria um sinal de que o bloco estaria pronto para ceder em seus princípios democráticos fundamentais. "Ação firme, mas equilibrada", diz UE Em comunicado, a comissária antitruste Teresa Ribera afirmou que as multas "enviam uma mensagem forte e clara", descrevendo a ação tomada pelo bloco como "firme, mas equilibrada". Thomas Regnier, porta-voz da Comissão Europeia, também negou que as multas tenham como alvo qualquer país em particular. "Não nos importa quem é o dono da empresa. Não nos importa onde a empresa está localizada", disse. "Somos totalmente agnósticos nesse aspecto, tanto da perspectiva da União Europeia quanto da Comissão. O que nos importa são os nossos consumidores, os nossos cidadãos, as nossas empresas. E seja uma empresa chinesa, americana ou europeia, ela terá que seguir as regras da União Europeia, e é isso que estamos analisando", frisou. Regnier também chamou as multas de "proporcionais", afirmando que o valor foi determinado "de acordo com o devido processo legal" com base em uma série de fatores. "Levamos em consideração a gravidade da violação, sua duração e, claro, algumas medidas de mitigação, além do fato de que esta é uma legislação absolutamente nova", salientou. Autor: Timothy Jones

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