Putin propõe governo provisório na Ucrânia sem Zelensky antes de negociar a paz

Putin propõe governo provisório na Ucrânia sem Zelensky antes de negociar a paz

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu nesta sexta-feira (28) a ideia de estabelecer uma "administração de transição" na Ucrânia sob a tutela da ONU e sem o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, antes de qualquer negociação para um acordo de paz.

Putin mencionou a ideia depois que os aliados europeus de Kiev se reuniram na quinta-feira em Paris para discutir quais "garantias" de segurança podem ser concedidas à Ucrânia. Os países, no entanto, não chegaram a um consenso sobre o envio de tropas em um eventual cenário de paz.

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Mais de três anos depois do início da ofensiva, não há um balanço preciso de vítimas, mas analistas calculam que pode chegar a centenas de milhares de mortos, entre civis e militares.

O retorno de Donald Trump à Casa Branca e sua aproximação com Moscou preocupam a Ucrânia e seus aliados europeus, que temem a possibilidade de uma paz com condições benéficas para a Rússia.

As declarações de Putin durante uma visita a Murmansk, no noroeste do país, aconteceram após uma semana de contatos diplomáticos em separado dos Estados Unidos com delegações dos dois países na Arábia Saudita.

"Poderíamos, claro, discutir com os Estados Unidos, até mesmo com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, sob a tutela da ONU, a possibilidade de estabelecer uma administração de transição na Ucrânia", disse Putin.

O objetivo seria "organizar uma eleição presidencial democrática que resultaria na chegada de um governo com competências e que teria a confiança do povo. 

Putin assinalou que depois poderiam iniciar negociações com essas autoridades sobre um acordo de paz e "assinar documentos legítimos".

Desde o início da ofensiva russa em fevereiro de 2022, Putin justifica a operação na Ucrânia como uma forma de derrubar um governo que considera sob as ordens do Ocidente, apesar de Zelensky ter sido eleito presidente em um processo legítimo em 2019.

A lei marcial que está em vigor desde o início da ofensiva na Ucrânia impede a organização de eleições em um país que enfrenta bombardeios diários, com muitos cidadãos mobilizados na frente de batalha e outros que fugiram para outras nações.

- Putin afirma que Rússia tem 'iniciativa' -

 

Após as reuniões na Arábia Saudita, o governo dos Estados Unidos anunciou na terça-feira um acordo para conter as hostilidades no Mar Negro, mas a Rússia posteriormente estabeleceu condições como o fim das sanções ocidentais contra Moscou.

"Tudo o que [Putin] faz é atrasar qualquer possibilidade [...] de negociação que visa encerrar a guerra", disse Zelensky nesta sexta, em reação às declarações de seu par russo.

Em seu encontro durante a madrugada com militares russos em Murmansk, Putin destacou que suas tropas "têm a iniciativa estratégica" em toda a linha de frente.

"Há motivos para pensar que vamos acabar com eles", afirmou.

As hostilidades ganharam intensidade nos últimos meses e, segundo a ONU, "o número de vítimas nos três primeiros meses deste ano aumentou 30% em relação ao ano passado".

"Precisamos por fim ao horrível sofrimento infligido diariamente à Ucrânia", disse o alto-comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, destacando que a maioria de vítimas civis é desse país.

Nesta sexta, Kiev anunciou ter recuperado os corpos de 909 soldados ucranianos, a maior troca deste tipo desde o início do conflito em fevereiro de 2022.

Apesar dos esforços dos Estados Unidos para uma trégua, o presidente russo rejeitou a proposta americana de um cessar-fogo sem condições, que Kiev aceitou.

Putin afirmou que concordou em não atacar as instalações de energia ucranianas por 30 dias, embora ambos os países se acusem de violar esse compromisso.

Nesta sexta-feira, o Exército russo afirmou que um bombardeio ucraniano provocou um "grande incêndio" e a destruição de uma estação de medição de gás em Sudzha, no oblast (região administrativa) de Kursk.

A operadora de energia ucraniana Naftogaz acusou a Rússia de ter "bombardeado" suas instalações, sem revelar mais detalhes.

A Rússia afirmou nesta sexta-feira que retomou uma localidade no oblast de Kursk, invadido pelas tropas ucranianas em meados de 2024 durante uma ofensiva surpresa.

As autoridades ucranianas também reportaram quatro mortos e 19 feridos em um ataque com drones contra a cidade de Dnipro, no leste, que danificou edifícios e provocou incêndios em um hotel, postos de gasolina e residências.

- Acordo sobre minerais ucranianos -

Na frente diplomática com os Estados Unidos, Zelensky anunciou nesta sexta-feira que havia recebido uma nova versão do acordo sobre os minerais estratégicos da Ucrânia, aos quais Trump quer ter acesso.

Embora os detalhes dessa nova versão não sejam oficialmente públicos, parlamentares e meios de comunicação ucranianos fizeram duras críticas, descrevendo o documento como "inaceitável".

Segundo o jornal Ukrainska Pravda, "a equipe de Donald Trump abandonou todas as soluções de compromisso acordadas há um mês".

O novo documento "cruza quase todas as linhas vermelhas" da Ucrânia, à qual "priva de uma parte de sua soberania" e obriga a "reembolsar toda a ajuda americana recebida", acrescentou o jornal.

Além disso, o acordo não menciona nenhuma garantia de segurança para a Ucrânia, como solicitado por Kiev, afirmou.

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