Jovens são cada vez mais afetados por diversos tipos de câncer

Jovens são cada vez mais afetados por diversos tipos de câncer

O aumento de câncer entre os jovens preocupa especialistas, que buscam entender causas e padrões dessa tendência, evidenciada por casos recentes e estudos globais

A morte da atriz belga Emilie Dequenne, aos 43 anos, é um alerta de que os jovens estão cada vez mais afetados pelo câncer.

Esse fenômeno, para o qual diversas hipóteses são propostas, deve, no entanto, ser analisado com cautela diante de certas declarações alarmistas.

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Há "cada vez mais evidências de que o risco de câncer aumenta entre as gerações mais jovens", de acordo com um amplo estudo realizado nos Estados Unidos, concluído em 2024 e publicado na revista The Lancet Public Health.

A protagonista do filme Rosetta (Palma de Ouro em Cannes, em 1999) morreu em decorrência de um câncer na glândula suprarrenal. Sua doença era extremamente rara e conhecida por afetar pessoas jovens.

Outras notícias também chamam regularmente a atenção para o aumento da incidência de cânceres em menores de 50 anos.

O ator americano Chadwick Boseman, estrela de Pantera Negra, faleceu em 2020, aos 43 anos, vítima de um câncer colorretal. No Reino Unido, a princesa Kate anunciou, em 2024, que foi diagnosticada com um câncer não especificado aos 42 anos, e sua remissão foi confirmada no início deste ano.

Diante desses casos amplamente divulgados, surge a pergunta: há, de fato, uma tendência real por trás dessas ocorrências?

De certo modo, sim, segundo múltiplos estudos recentes. O estudo publicado na The Lancet revela que, entre trinta tipos de câncer analisados, a incidência da metade deles aumentou entre as pessoas nascidas em 1990, em comparação com as gerações anteriores.

Aumento nos casos de câncer no sistema digestivo

Um estudo amplamente divulgado, publicado em 2023 no BMJ Oncology, confirmou que o crescimento dos chamados "cânceres precoces" — cujo limite de idade varia conforme a patologia, mas geralmente se aplica a pessoas com menos de 50 anos — "continua aumentando em todo o mundo".

Um dado impressionante extraído desse estudo chamou a atenção: entre 1990 e 2019, o número desses cânceres aumentou em quase 80%.

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Esse aumento levou muitos oncologistas a falarem em uma "epidemia" entre os jovens. No entanto, o uso desse termo é questionado, pois a magnitude do fenômeno deve ser relativizada.

Embora a incidência dos cânceres precoces tenha quase dobrado no período analisado, esse crescimento ocorreu, em grande parte, devido ao aumento da população. Além disso, os idosos continuam representando a maioria absoluta dos casos de câncer.

Ainda assim, a frequência de alguns tipos de câncer tem aumentado entre os jovens, principalmente aqueles do sistema digestivo, como câncer de intestino delgado e de pâncreas, além dos cânceres colorretais — como o que acometeu Chadwick Boseman.

Sem cair no alarmismo — sobretudo porque o aumento no número de casos não implica necessariamente um crescimento na taxa de mortalidade —, o fenômeno preocupa oncologistas e especialistas em saúde pública.

No entanto, "ainda há muito a ser feito para compreender melhor as causas", admitiu, em janeiro, o oncologista Fabrice Barlesi, diretor-geral do Instituto francês Gustave-Roussy, onde Emilie Dequenne foi tratada.

O papel da obesidade e outros fatores

Os pesquisadores consideram duas principais hipóteses: as gerações mais recentes estão mais expostas a fatores de risco já conhecidos do que as anteriores, ou surgiram novos fatores de risco.

A primeira hipótese se baseia, principalmente, no fato de que os jovens de hoje tiveram contato mais precoce com fatores como tabagismo e obesidade em comparação com gerações anteriores.

O segundo ponto tem atraído grande atenção dos pesquisadores, pois a obesidade é um problema de saúde pública cuja incidência continua aumentando.

Segundo um estudo recente publicado na The Lancet, até 2050, uma em cada três crianças ou adolescentes será afetada pela obesidade.

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A outra grande hipótese envolve o surgimento de novos agentes cancerígenos. As teorias são diversas — exposição a produtos químicos, microplásticos, novas substâncias —, mas, até o momento, permanecem especulativas.

Enquanto os fatores de risco não são completamente compreendidos, algumas autoridades sanitárias optam por reforçar os programas de rastreamento, embora essa estratégia frequentemente gere controvérsias sobre o risco de sobrediagnóstico.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade recomendada para exames de detecção de câncer colorretal foi reduzida para 45 anos em 2021.

 

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