Filho do líder do cartel mexicano CJNG é condenado à prisão perpétua nos EUA
O narcotraficante Rubén Oseguera González, conhecido como "El Menchito", filho do líder do Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG), um dos mais perigosos do México, foi sentenciado nesta sexta-feira (7) à prisão perpétua nos Estados Unidos.
No ano passado, "El Menchito" foi declarado culpado por tráfico de cocaína e metanfetamina e por uso e posse ilegal de armas de fogo, após um julgamento de duas semanas com júri.
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A juíza Beryl Howell, do Tribunal Federal do Distrito de Columbia, em Washington, decretou a pena de prisão perpétua e mais 30 anos adicionais de reclusão, além de ordenar que o narcotraficante de 35 anos pague mais de 6 bilhões de dólares (R$ 34,6 bilhões) em reparação de danos.
A promotoria queria que a sentença servisse de exemplo para "outros" e pediu duas cadeias perpétuas devido à "brutalidade" e à "carnificina que o acusado causou pessoalmente".
- "Muitos assassinatos" -
A promotoria considera que o condenado matou 15 pessoas e, além disso, "é responsável por muitos, muitos assassinatos", cerca de uma centena.
No entanto, a juíza admitiu que, quando "El Menchito" entrou para o cartel, aos 14 anos, "talvez não tivesse realmente a oportunidade" de abandoná-lo.
Esse era um dos argumentos da defesa, que pedia a pena mínima obrigatória de 40 anos de prisão, pois o consideram "tanto um produto quanto uma vítima" do ambiente violento em que foi criado.
A magistrada respondeu que, na idade adulta, ele também não abandonou a organização.
Vestido com uma camiseta branca e suéter preto, o réu assistiu impassível à audiência judicial, que durou várias horas. A imprensa não pôde ver seu rosto durante a leitura do veredicto.
Minutos depois, imperturbável, apertou a mão dos advogados.
"Deveria ter sido um caso julgado no México, não nos Estados Unidos", pois "não foram cometidos atos" em território americano, declarou à AFP o advogado Anthony Colombo ao final da audiência. Ele pretende apelar da sentença, se necessário, à Suprema Corte.
Passar o resto da vida em uma prisão dos Estados Unidos é um dos piores castigos para um narcotraficante. Ou pelo menos era o que dizia o colombiano Pablo Escobar, abatido a tiros em 1993.
Os argumentos da juíza não deixam margem para dúvidas.
Sob sua supervisão, o cartel "operava múltiplos laboratórios de metanfetamina" no México e "uma equipe de sicários" o protegia, afirmou.
Em 2015, "El Menchito" ordenou que seus subordinados derrubassem um helicóptero das forças armadas mexicanas, que transportava 18 soldados e policiais. Pelo menos nove pessoas a bordo morreram.
Menos de dois meses após esse ataque, ele foi capturado pelas autoridades mexicanas. Quando foi cercado por soldados e policiais, empunhou um fuzil de assalto e um lança-granadas, exigindo ser libertado por ser membro do CJNG.
Segundo documentos judiciais e provas apresentadas no tribunal, entre 2007 e 2017, "El Menchito" liderou uma organização de tráfico de drogas, atuando como "segundo no comando".
O herdeiro do cartel, cuja base fica no estado de Jalisco (centro-oeste do México), pretendia construir "um império" com o fentanil, um opioide sintético responsável por dezenas de milhares de mortes por overdose a cada ano nos Estados Unidos, país onde nasceu e para onde foi extraditado em 2020.
- Herdeiro de "El Mencho" -
O condenado é filho de um dos chefões mais procurados pelos governos dos EUA e do México: Nemesio Rubén Oseguera, conhecido como "El Mencho", líder do CJNG, um dos oito grupos criminosos designados por Washington como organizações "terroristas globais".
A sentença foi anunciada poucos dias depois de o presidente Donald Trump afirmar que chegou a hora de os Estados Unidos "declararem guerra contra os cartéis" de drogas mexicanos, que ele acusa de ameaçar "a segurança nacional" do país.
De acordo com o centro de análises Insight Crime, o CJNG não apenas espalha terror no México, mas também mantém redes em vários países da América Latina, Canadá, Austrália e Sudeste Asiático.
A organização dos irmãos Oseguera foi criada em 2007 como um grupo de sicários a serviço do Cartel de Sinaloa, então liderado por Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
Por volta de 2010, o CJNG se separou do cartel de Sinaloa e desde então disputa com os antigos aliados o controle de diversas rotas do tráfico de drogas. O grupo se destacou por atacar altos funcionários do governo mexicano.
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