ONG alemã escolhe o tatu como "animal de zoológico do ano"
Título promove a proteção de animais ameaçados de extinção. Organização cita caça ilegal e avanço da agricultura comercial como causas de risco para espécies do mamífero, que é encontrado no Brasil.O tatu, um dos mais antigos mamíferos a habitar a Terra, foi eleito o Animal de Zoológico do Ano pela organização alemã Sociedade Zoológica para a Conservação de Espécies e Populações (ZGAP). A sociedade organiza a campanha anual para chamar a atenção para espécies ameaçadas pouco conhecidas pelo público europeu e promover sua proteção. O tatu sucede os lagartos do gênero gecko, animal do ano de 2024. De acordo com o grupo, os tatus, encontrados nas Américas, são ameaçados pela caça e pela destruição ambiental. "O objetivo da campanha é chamar mais atenção para os vários tatus ameaçados de extinção e apoiar os esforços de conservação e reprodução nos zoológicos, bem como os projetos de proteção nos países de origem", aponta a organização. Agricultura, pesticidas e caça ilegal Segundo o grupo, o número de tatus está diminuindo drasticamente, em especial devido ao avanço da agricultura comercial, que invade seu habitat com plantações de arroz, óleo de palma e madeira. Além disso, o aumento do uso de pesticidas na agricultura coloca em risco o suprimento de alimentos desses animais, que são predominantemente noturnos e se alimentam principalmente de insetos. A caça ilegal também é uma ameaça cada vez maior para a reprodução da espécie. "Como os tatus são principalmente noturnos, vivem solitários no subsolo e geralmente ocupam grandes territórios, é um desafio estudar esses animais ou até mesmo determinar o tamanho de suas populações", diz a ONG. Isso faz com que muitas espécies de tatus ainda sejam listadas como "sem dados suficientes" na lista vermelha de animais ameaçados organizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Brasil tem 11 das 21 espécies de tatu A IUCN lista duas espécies conhecidas cuja população está diminuindo: o tatu-bola e o tatu-canastra. Respectivamente, a menor e a maior espécie conhecida do mamífero. Ambos são encontradas em território brasileiro ao lado de outras nove espécies. Esses animais vivem principalmente na região do Cerrado e da Caatinga. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a população atual de tatu-bola, endêmica do Brasil, está "em declínio e severamente fragmentadas, praticamente restritas às unidades de conservação e região de entorno". Isso faz com que o popular "bolinha" seja tomado como "em perigo" de extinção. Já o tatu-canastra é encontrado também em países como Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia, chamado popularmente de "tatu gigante". O ICMB classifica a espécie como "vulnerável" já que incêndios florestais, caça, atropelamentos e conflitos provocados por humanos reduziram em 30% a população da espécie nas últimas três gerações. Ao escolher o tatu, a organização e os zoológicos também querem arrecadar dinheiro para projetos de proteção realizados por organizações parceiras. A ZGAP cita um projeto de proteção de tatus no Parque Natural Municipal do Pombo, no Mato Grosso do Sul, realizado em parceria com a Wild Animal Conservation Institute (ICAS), cujo foco principal é a manutenção da população do tatu-canastra. "Atualmente, a savana do Cerrado está sendo rapidamente transformada para produzir commodities para exportação. A maior parte da terra é de propriedade privada e os níveis de proteção são baixos, em parte devido à pressão do setor comercial. Esse desenvolvimento afeta uma ampla gama de espécies, incluindo o ameaçado tatu gigante", diz a organização. Ao todo, 21 espécies deste animal são conhecidas. Com seu dorso protegido por uma carapaça rígida, a linhagem dos tatus surgiu há cerca de 60 milhões de anos. Eles habitam a Terra ao menos desde o período Paleoceno, logo após a extinção dos dinossauros. gq/bl (ots)
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