Meta encerrará seu programa de 'fact checking' nos EUA
Meta anuncia o fim do fact-checking nos EUA, citando parcialidade política, e simplifica políticas de conteúdo, buscando reconciliação com Trump
12:35 | Jan. 07, 2025
A gigante das redes sociais Meta anunciou, nesta terça-feira,7, que encerrará o seu programa de fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos, um significativo retrocesso em suas políticas de moderação de conteúdo.
"Vamos eliminar os fact-checkers (verificadores de conteúdo) para substitui-los por notas da comunidade semelhantes às do X (antigo Twitter), começando nos Estados Unidos", escreveu nas redes sociais o fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
Como bilionários e donos de big techs se aproximam de Trump antes de 2° mandato; VEJA
O diretor-executivo afirmou que "os verificadores de fatos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos".
Além disso, o executivo bilionário anunciou que os sites da Meta, incluindo o Facebook e o Instagram, “simplificariam” suas políticas de conteúdo para se livrar de “muitas restrições sobre tópicos como imigração e gênero que simplesmente não se conectam com o discurso dominante”.
Fim do fact-checking: recompor a relação
O anúncio da Meta ressalta muitas das críticas dos republicanos e do proprietário do X, Elon Musk, sobre os programas de verificação de fatos que muitos conservadores consideram censura.
Musk argumentou que "as eleições recentes (de 5 de novembro) parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão".
Fortuna das 500 pessoas mais ricas do mundo chega a US$ 10 trilhões em 2024; CONFIRA
Este anúncio de mudança de estratégia ocorre no momento em que Zuckerberg tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, incluindo uma doação de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) para seu fundo de posse. O republicano assumirá o cargo na Casa Branca em 20 de janeiro.
Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores.
O magnata republicano foi expulso do Facebook depois que seus partidários invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em Washington, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu sua conta no início de 2023.
Fim do fact-checking: gestos corporativos
Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em novembro, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após sua vitória eleitoral.
Outro gesto recente de Zuckerberg para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do partido republicano, para chefiar os assuntos públicos da Meta, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.
“Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na 'cadeia do Facebook'”, disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo "foi longe demais".
Como Facebook restringiu acesso a notícias de Gaza durante guerra com Israel; SAIBA MAIS
Zuckerberg também nomeou Dana White, diretor do Ultimate Fighting Championship (UFC), um aliado próximo de Trump, para a diretoria da Meta.
Como parte da reestruturação, a Meta disse que transferirá suas equipes de confiança e segurança da Califórnia (oeste), onde as opiniões liberais são generalizadas, para o Texas (sul), um estado mais conservador.
“Isso nos ajudará a criar confiança para fazer esse trabalho em lugares onde há menos preocupação com os preconceitos de nossas equipes”, disse Zuckerberg.