Suspeitas de trabalho análogo à escravidão em construção de fábrica da BYD na Bahia

Mais de 160 trabalhadores chineses foram resgatados em condições análogas à escravidão no canteiro de obras de uma fábrica da BYD em Camaçari (BA)

Mais de 160 trabalhadores chineses foram resgatados em “condições análogas à escravidão” no canteiro de obras de uma fábrica da gigante de carros elétricos BYD em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA), informaram as autoridades locais.

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A filial brasileira da montadora chinesa, BYD Auto do Brasil, anunciou em nota, na noite de segunda-feira, 23, que rescindiu, com efeito imediato, o contrato da empresa terceirizada responsável pela obra, a Jinjiang Construction Brazil Ltda.

O local em questão, situado em Camaçari, no estado da Bahia, abriga a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia. Por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, as obras foram parcialmente suspensas.

163 trabalhadores resgatados

Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou inspeções que levaram à identificação de “163 trabalhadores em condições análogas à escravidão” na empresa terceirizada Jinjiang, prestadora de serviços para a BYD.

Um porta-voz do MPT informou à AFP, nesta terça-feira (24), que todos os trabalhadores resgatados eram chineses.

No comunicado, o MPT denunciou “um quadro alarmante de precariedade e degradação” no tratamento dos trabalhadores.

Local de trabalho em condições degradantes

Em um dos alojamentos, os trabalhadores “dormiam em camas sem colchões e não possuíam armários para guardar seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação”, informou o MPT.

A situação sanitária também era descrita como crítica, com “apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores”, o que os obrigava a acordar às 4h para formar fila e conseguir se preparar para o trabalho às 5h30.

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No canteiro de obras, os trabalhadores “estavam expostos a intensa radiação solar, apresentando sinais visíveis de danos à pele”.

O MPT relatou ainda indícios de “trabalho forçado”, já que os trabalhadores chineses “tiveram seus passaportes retidos” e “60% de seus salários eram confiscados pela empregadora”, deixando-lhes apenas “40% em moeda chinesa”.

Audiência sobre o caso

De acordo com o MPT, uma audiência foi marcada para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias para garantir condições mínimas de alojamento, além de negociar a regularização geral das violações detectadas.

A BYD Auto do Brasil declarou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e informou ter transferido os 163 trabalhadores para hotéis da região.


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