Três policiais que mataram homem asfixiado em viatura são condenados a 23 e 28 anos de prisão

14:01 | Dez. 07, 2024

Por: AFP

A Justiça Federal condenou, neste sábado (7), três ex-policiais a penas de 23 e 28 anos de prisão pela morte em 2022 de um homem que foi trancando no porta-malas de uma viatura e submetido à inalação de gás lacrimogêneo, em um ato que chocou o país.

O Ministério Público Federal informou que, após 12 dias de julgamento com júri popular na Justiça Federal do estado de Sergipe (nordeste), os ex-policiais rodoviários federais Rodolpho Nascimento, William Noia e Kleber Freitas foram condenados pela morte de Genivaldo Santos em maio de 2022

Nascimento foi o único condenado pelo júri popular, que o considerou culpado de homicídio triplamente qualificado (por asfixia, motivo fútil e sem possibilidade de defesa para a vítima) e o sentenciou a 28 anos de prisão, informou o comunicado do MPF.

Em relação a Noia e Freitas, “após a decisão dos jurados de que os réus não atuaram com o dolo de matar, o juiz, na sentença, afirmou que o julgamento mostrou um fato único: crime de tortura com resultado de morte não intencional”, impondo uma pena de 23 anos para cada um deles. 

Santos, 38 anos, que sofria de esquizofrenia, foi asfixiado até a morte durante uma operação policial por pilotar uma motocicleta sem capacete em uma estrada perto de Umbaúba, uma pequena cidade de 25.000 habitantes em Sergipe.

"Sem esboçar resistência, foi derrubado, algemado, atacado com spray de pimenta no rosto por Kleber Freitas e colocado na parte traseira da viatura da PRF", segundo o Ministério Público. 

"Com a vítima rendida, Paulo Rodolpho lançou uma granada de gás lacrimogêneo no veículo e forçou a porta, com ajuda de William Noia. A ação resultou na morte de Genivaldo dos Santos", acrescentou.

O incidente causou comoção no Brasil depois que um vídeo de uma testemunha viralizou.

A filmagem mostrou uma fumaça espessa e os pés do homem sacudindo sob a porta do porta-malas enquanto um dos policiais pressionava a porta.

Os gritos de dor do homem também puderam ser ouvidos, assim como os comentários de uma testemunha que exclamou: "Eles vão matá-lo!".

A irmã de Santos, Laura de Jesus Santos, disse que estava satisfeita com a sentença.

"Foi um resultado satisfatório, embora a gente não fique feliz com a desgraça de ninguém. Acalma, mas felicidade não traz", declarou ao G1.

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