Unesco reconhece a guarania, gênero musical paraguaio, como Patrimônio Imaterial
A Unesco reconheceu, nesta terça-feira (3), a guarania, um gênero musical popular no Paraguai, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, uma lista na qual o queijo Minas artesanal também quer entrar.
O Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial se reúne desde a segunda-feira em Assunção, no Paraguai.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Entre esta terça e a próxima quinta-feira deve bater o martelo sobre a inclusão de 66 novos elementos de tradições comunitárias, segundo esta organização da ONU.
Por enquanto, o comitê decidiu inserir a guarania, gênero musical criado em 1925, muito popular no Paraguai, nesta lista, que inclui, ainda, a hena e suas tradições. A hena é uma planta cujas folhas são secas, trituradas e viram uma pasta para tatuar braços e pés das mulheres que participam de casamentos, além de tingir cabelos e dar sorte aos bebês, segundo a agência da ONU.
A produção artesanal do famoso sabão de Aleppo, elaborado com técnicas que remontam há 3 mil anos, também foi incluída na lista, assim como o sabão de Nablus, na Cisjordânia ocupada.
Segundo a Unesco, outras tradições aspiram a entrar na lista, como o saquê, bebida alcoólica feita de arroz, cujos métodos de produção e rituais de consumo estão "profundamente arraigados na cultura japonesa", e o queijo Minas, produzido artesanalmente a partir do leite cru por "agricultores familiares (...) em pequenas propriedades rurais".
A Convenção sobre o Patrimônio Cultural Imaterial foi aprovada em 2003 e entrou em vigor em 2006, após ser ratificada por 30 Estados-membros, e atualmente representa um êxito diplomático com 183 signatários - quase toda a comunidade internacional.
Até hoje, 145 países já tiveram pelo menos um elemento cultural reconhecido, como a pizza napolitana (2017), a capoeira brasileira (2014) e o flamenco espanhol (2010).
- "Experiências humanas" -
"Esta convenção reinventou a própria noção de patrimônio, a ponto de que não podemos mais separar o material do imaterial, os lugares das práticas", afirmou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.
"A convenção tem se mostrado útil para sensibilizar sobre a importância do patrimônio cultural", que reflete "como você experimenta o mundo e como vive com os outros", disse à AFP a secretária da convenção, Fumiko Ohinata.
Ali estão incluídos "a música, a dança, o conhecimento, o que você come, o que produz, como se veste, como você se dirige aos outros em suas comunidades, como educa as crianças (...) Basicamente tudo o que compõe as expectativas humanas e o que te fazem sentir vivo".