Indulto de Biden a seu filho, Hunter, revolta republicanos e preocupa democratas

Joe Biden acabou perdoando seu filho, Hunter, apesar de ter prometido que não o faria, em uma decisão que revoltou os republicanos e gerou preocupação entre os democratas.

O presidente emitiu um perdão "total e incondicional" no domingo, absolvendo Hunter Biden, de 54 anos, de qualquer crime cometido na última década.

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Hunter Biden foi condenado em junho por mentir sobre seu consumo de drogas ao comprar uma arma e se declarou culpado em outro julgamento por evasão fiscal.

O presidente argumentou que seu filho havia sido alvo de um processo politizado, iniciado sob a administração de Trump, e que "não há motivos para acreditar que isso vai parar aqui".

O perdão surpreendeu, pois quando chegou à Casa Branca em 2021, Biden se comprometeu a restaurar a "integridade" de um sistema judicial que os democratas consideravam corrompido após o mandato de Trump (2017-2021).

"Não foi uma decisão fácil", declarou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, nesta segunda-feira, a bordo do Air Force One, a caminho de Angola.

A Casa Branca desmentiu várias vezes que Biden fosse perdoar seu filho, a última delas em 7 de novembro.  

- "Iceberg" -

"É um mentiroso", declarou à CNN o estrategista político conservador Scott Jennings, membro da equipe da Casa Branca durante o governo de George W. Bush.

"Durante meses, ele e seus porta-vozes da Casa Branca prometeram aos americanos que Hunter Biden não seria perdoado", lembrou nesta segunda-feira o senador republicano Tom Cotton, na Fox News.

"Agora sabemos que sua palavra não vale nada", acrescentou.

Para o republicano James Comer, as acusações contra Hunter "foram apenas a ponta do iceberg" e o presidente mentiu "do começo ao fim sobre as atividades corruptas de tráfico de influências de sua família".

"É lamentável que, em vez de reconhecer suas décadas de práticas erradas, o presidente Biden e sua família continuem fazendo de tudo para evitar prestar contas", acrescentou o congressista na rede X.

Os democratas temem que Trump use a decisão de Biden para justificar o perdão aos condenados pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

"O perdão dado por Joe a Hunter inclui os reféns do J-6 (6 de janeiro), que já estão presos há anos?", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social no domingo.

- "Um precedente ruim" -

O governador democrata do Colorado, Jared Polis, acusou o presidente de ter "colocado sua família à frente do país".

"Este é um precedente ruim (...), que infelizmente manchará sua reputação", publicou Polis no X.

No entanto, o cientista político Nicholas Creel, da Georgia College and State University, acredita que nada do que Biden faça antes de deixar o cargo influenciará seu sucessor, que "simplesmente não se importa com os precedentes".

"Embora eu tenha certeza de que muitos especialistas dirão que o fato de Biden perdoar seu filho abre as portas para Trump usar seu poder de perdão de maneiras abertamente pessoais e políticas, me parece ridículo", opinou.

Os presidentes dos Estados Unidos decretam centenas de perdões ou comutações de penas, especialmente ao final de seus mandatos de quatro anos.

O perdão concedido a Hunter é um dos poucos casos em que um presidente dos Estados Unidos exerce esse poder constitucional em benefício de um familiar.

Durante seu primeiro mandato, Donald Trump perdoou Charles Kushner, pai de seu genro, Jared, condenado por fraude fiscal.

Trump anunciou no sábado que escolheu Kushner como embaixador dos Estados Unidos na França.

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