Empresas dos EUA reduzem políticas de diversidade diante do lobby conservador
Assim como a Ford e a Jack Daniel's, a rede de supermercados Walmart se junta à lista de grandes empresas americanas que reduziram suas políticas de diversidade, em meio ao avanço do lobby conservador que foi reforçado pela eleição de Donald Trump.
O Walmart, que tem a maior força de trabalho do setor privado no país, anunciou várias mudanças nesta semana: deixará de usar a sigla DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão) e o termo “Latinx” em suas comunicações; encerrará um programa para promover a diversidade entre seus fornecedores; fechará um centro de igualdade racial; e não informará mais os seus dados a uma ONG que classifica as empresas quanto à inclusão LGBTQIAPN+.
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As mudanças ocorrem na esteira da vitória do republicano Trump e em meio a uma campanha contra a ideologia "woke".
O termo "woke" (acordado, em tradução livre), usado de forma depreciativa pelos conservadores, refere-se ao pensamento que defende o fim da desigualdade racial, do sexismo e da discriminação anti-LGBTQIAPN+, que ressurgiu após a morte do afro-americano George Floyd, que foi asfixiado até a morte por um policial em 2020.
O movimento "anti-diversidade" foi reforçado pela decisão da Suprema Corte em 2023 de eliminar a ação afirmativa nas universidades, que os conservadores usaram para abrir processos contra empresas ou instituições públicas e tentar impedir seus programas de promoção da diversidade.
- “Apologia ao politicamente correto" -
Os conservadores acusam esses programas de fazer uma "apologia ao politicamente correto” e afirmam que eles prejudicam principalmente os homens brancos.
Robby Starbuck, um ativista e apoiador de Trump de 35 anos, lidera uma cruzada conservadora no mundo corporativo, defendendo a “neutralidade” em questões sociais. Ele se vangloria de ter feito com que empresas como a Ford e a Harley-Davidson retirassem suas políticas inclusivas.
A reversão do Walmart “é a maior vitória até agora em nosso movimento para acabar com o ‘wokismo’ nas empresas americanas”, disse ele em uma mensagem na rede X, na qual associou o aumento das ações do Walmart à decisão.
As empresas que mantêm sua agenda “woke” estão fadadas a fechar as portas, acrescentou.
De acordo com uma pesquisa do Pew Research Center, a proporção de funcionários que acham que sua empresa dá muita atenção a questões de diversidade aumentou de 14% em fevereiro de 2023 para 19% em outubro de 2024.
Uma pesquisa do The Conference Board, um think tank de centenas de empresas, mostra, no entanto, que uma proporção significativa (58%) dos 1.300 funcionários entrevistados acredita que os recursos que sua empresa dedica a essas questões são adequados.
“Os líderes devem se concentrar no que realmente importa para seus funcionários” e "essas iniciativas são cruciais para atrair e reter os talentos atuais e futuros", diz Allan Schweyer, chefe de pesquisa de capital humano do think tank.
- "Maluquices" nas escolas-
Espera-se que a onda conservadora se fortaleça com o retorno do magnata republicano à Casa Branca.
A retórica de Trump é contra principalmente o politicamente correto, que, segundo ele, infecta as escolas ao promover “maluquices” sobre gênero e etnia. O presidente eleito prometeu suspender os subsídios federais para as escolas que promovem essas ideias.
Em março, a Universidade da Flórida, um estado governado pelo conservador Ron DeSantis, encerrou seus programas de promoção da diversidade, seguindo os passos de vários campi em outros estados.
Trump escolheu aliados anti-diversidade, como Stephen Miller, seu vice-chefe de gabinete, que lutou contra programas de diversidade no mundo corporativo por meio de seu grupo conservador de defesa legal America First Legal, para fazer parte de seu futuro governo.
Ele também nomeou Pete Hegseth, um ex-major do Exército dos EUA e atual âncora da Fox News, que é altamente crítico das políticas de diversidade, como secretário da Defesa.
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