Um professor e um veterinário: os candidatos presidenciais no Uruguai
Um professor de História de esquerda e um veterinário de centro-direita se enfrentarão no domingo (24) em uma disputa eleitoral pela cadeira presidencial no Uruguai, a democracia mais sólida da América Latina.
O opositor Yamandú Orsi, da Frente Ampla, e Álvaro Delgado, do Partido Nacional, que lidera a coalizão do governo, aspiram suceder o presidente Luis Lacalle Pou em março.
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Orsi obteve quase 44% dos votos no primeiro turno em 27 de outubro e aparece com uma leve vantagem nas pesquisas antes do pleito de domingo, que se mostra acirrado.
Delgado registrou 26,7% dos votos como candidato do Partido Nacional, mas agora possui o apoio de todos os partidos aliados da aliança governista, que recebeu ao todo 47,7%.
Confira duas breves biografias dos candidatos:
- O escolhido de Pepe -
Yamandú Ramón Antonio Orsi Martínez, 57 anos, é apadrinhado pelo popular ex-presidente José "Pepe" Mujica. E busca que a esquerda, que governou o Uruguai por três mandatos consecutivos de 2005 até 2020, retorne ao poder.
De perfil moderado, Orsi é, como Mujica, descendente de espanhóis e italianos, educado em escolas públicas e comprometido com a igualdade, o DNA da idiossincrasia uruguaia. Nasceu na zona rural, em uma casa sem luz, e cresceu na pequena cidade de Canelones.
Em 1991, formou-se professor de História e lecionou em escolas de Ensino Médio do interior até 2005, quando iniciou sua carreira no governo de Canelones, primeiro como secretário-geral por quase 10 anos e depois como prefeito por dois mandatos.
Ele renunciou ao cargo para disputar as internas partidárias de junho, que venceu com mais de 60% dos votos, superando em muito a ex-prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, que contava com o apoio de comunistas e socialistas e se tornou sua companheira de chapa.
Quando jovem, Orsi cuidava da loja de seus pais, foi coroinha na Igreja Católica e dançarino de folclore. Em 1989, aderiu ao Movimento de Participação Popular fundado por Mujica.
Foi casado duas vezes, a última com a mãe de seus filhos gêmeos de 12 anos.
O homem que dizia ter medo da lua quando criança já disse que se prepara para ser presidente há muito tempo. No entanto, não apresentou um plano de governo antes das eleições, o que suscitou críticas de seus opositores.
Ele também foi questionado por não participar de debates, embora tenha concedido entrevistas a muitos veículos de comunicação na reta final da campanha.
- Braço direito do presidente -
Álvaro Luis Delgado Ceretta, 55 anos, nunca imaginou que poucos dias após assumir o cargo em 2020 como secretário da Presidência de Luis Lacalle Pou, seria declarada uma pandemia que paralisou o mundo. No entanto, servir como porta-voz do governo em meio à crise da covid-19 testou sua coragem e o projetou como candidato presidencial.
Antes de chegar à Torre Executiva com o amigo Lacalle Pou, com quem viajou pelo país arquitetando um projeto político, Delgado foi inspetor-geral do Trabalho, deputado por Montevidéu e senador.
Entrou para a política no Partido Nacional após trabalhar como produtor rural e veterinário em estabelecimentos agropecuários. Um teste vocacional mostrou inclinação para a advocacia, mas ele optou pela área que amava, e se formou veterinário em 1995.
Nascido em Montevidéu, Delgado foi educado em escolas católicas, fé que professa. Ele se casou em 1997 e tem três filhos, de 25, 23 e 21 anos. Diz que é mais feliz no campo do que na praia e adora andar a cavalo.
Durante a campanha, Delgado foi chamado de "homem das cavernas" e "cafona" por chamar sua candidata a vice-presidente, a ex-líder sindical Valeria Ripoll, de "bombom".
O episódio motivou memes e piadas nas redes sociais. Foi um "erro" e uma "brincadeira infeliz", reconheceu mais tarde.
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