Rússia atualiza doutrina nuclear após EUA liberar uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia

A dissuasão nuclear é um dos pilares da doutrina nuclear russa. A utilização dessas armas para atacar a logística de guerra dentro do território russo era um desejo antigo da Ucrânia

12:27 | Nov. 21, 2024

Por: Wilnan Custódio
O presidente russo Vladimir Putin (foto: YURI KOCHETKOV / POOL / AFP)

Com falas públicas de meses por parte de autoridades russas, o país de fato atualizou sua doutrina nuclear nesta terça-feira, 19. A nova mudança passa a considerar um ataque de um estado não nuclear utilizando armas convencionais provenientes de um país nuclear, como um ataque conjunto ao território russo.

A mudança militar russa acontece dois dias após o governo Biden autorizar a Ucrânia a atacar o território do inimigo com mísseis de longo alcance fabricados nos Estados Unidos. Por meio de contato telefônico, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia se reserva ao direito de utilizar meios nucleares no caso de agressão à ela ou à Bielorrússia.

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O uso da dissuasão nuclear é um dos princípios de sustentação da doutrina militar russa, e desde o começo da invasão da Ucrânia, Vladimir Putin tem feito diversas ameaças de uso de armas nucleares. O presidente russo já havia criticado a possibilidade de autorização dos Estados Unidos do emprego dessas armas, alegando que seria uma entrada direta do país na guerra.

A doutrina, até então em vigor, era de 2020, e autorizava o país a utilizar armas nucleares apenas no caso de um ataque nuclear, ou um ataque convencional que ameaçasse a existência da Rússia como país. Os Estado Unidos e a Rússia controlam mais de 5 mil ogivas nucleares cada, o que representa mais de 85% de todo arsenal atômico do planeta.