Hezbollah rejeita qualquer condição de Israel para trégua no Líbano

O líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou, nesta quarta-feira (20), que Israel não pode impor condições para um cessar-fogo no Líbano, onde o enviado americano, Amos Hochstein, manteve negociações para tentar pôr fim à guerra.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel, em solidariedade com o Hamas, após o início da guerra na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023, desencadeada pelo ataque deste movimento islamista palestino em solo israelense.

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Após quase um ano de troca de tiros na fronteira, o exército israelense lançou, em 23 de setembro, uma campanha de bombardeios maciços no Líbano e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país.

A embaixadora americana em Beirute, Lisa Johnson, apresentou na semana passada às autoridades libanesas um plano de 13 pontos, que prevê uma trégua de 60 dias no sul do Líbano, um dos redutos do Hezbollah.

- "Novos avanços" -

Hochstein, que chegou na terça-feira a Beirute e seguirá nesta quarta para Israel, informou sobre "novos avanços", após conversar com o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, que mantém contatos com o Hezbollah.

Israel não pode "impor suas condições", afirmou o líder do Hezbollah em um discurso gravado, acrescentando que seu movimento exige "o cessar total da agressão" no Líbano.

"O inimigo israelense não pode entrar quando quiser" no território libanês no caso de cessar-fogo, declarou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu na segunda-feira que Israel "realizará operações" contra o Hezbollah mesmo em caso de trégua.

O chanceler israelense, Gideon Saar, declarou, nesta quarta, que qualquer cessar-fogo no Líbano deve dar a Israel "liberdade de ação" para atacar o Hezbollah "em caso de que ocorram violações" do acordo.

Qassem advertiu que seu movimento atacará "o centro de Tel Aviv" em retaliação aos recentes bombardeios israelenses na capital libanesa.

O Ministério da Saúde libanês declarou, nesta quarta, que dez pessoas morreram em ataques israelenses no sul do Líbano. O Hezbollah anunciou que lançou vários ataques no norte de Israel.

Mais de 3.500 pessoas morreram desde outubro de 2023 no Líbano devido à violência entre Israel e o Hezbollah, a maioria desde a intensificação do conflito, segundo as autoridades do país.

O objetivo declarado de Israel é garantir o retorno para casa dos cerca de 60.000 deslocados do norte de Israel pelos disparos do movimento islamista.

No Líbano, dezenas de milhares de habitantes também foram deslocados.

Nesta quarta, o exército libanês anunciou a morte de um soldado em um ataque israelense no sul do Líbano, elevando a 18 as baixas entre seus soldados desde 23 de setembro.

As forças israelenses declararam que três de seus soldados morreram em combates no sul do Líbano, elevando a 52 o número de seus militares falecidos desde 30 de setembro.

- Veto americano -

A violência no Oriente Médio escalou em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas vindos de Gaza atacaram o sul de Israel, onde mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais, que incluem os reféns mortos.

Naquele dia também foram sequestradas 251 pessoas, das quais 97 seguiriam em cativeiro em Gaza, embora o exército israelense estime que 34 delas tenham morrido.

A ofensiva lançada em retaliação pelo exército israelense matou ao menos 43.985 pessoas na Faixa de Gaza, em sua maioria também civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.

A ONU considera estes números confiáveis.

Ao menos 17 pessoas, entre elas um bebê e uma adolescente, morreram nesta quarta-feira em Gaza em novas incursões do exército israelense, anunciou a Defesa Civil local.

O exército israelense reportou a morte de um de seus soldados em combates no norte.

Diante da situação humanitária gravíssima em Gaza, o exército jordaniano anunciou o envio de oito helicópteros carregados com sete toneladas de ajuda.

No campo diplomático, os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução para um cessar-fogo "imediato, incondicional e permanente" em Gaza, uma medida em apoio a seu aliado, Israel.

Posteriormente, o Hamas acusou Washington de ser "diretamente responsável" por uma "guerra genocida", enquanto a Autoridade Palestina assegurou que o veto "anima Israel a continuar com seus crimes contra civis inocentes na Palestina e no Líbano".

O presidente chinês, Xi Jinping, em visita ao Brasil, pediu um cessar-fogo e o rápido "fim da guerra" em Gaza, segundo a agência oficial de notícias chinesa Xinhua.

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