Antes do G20, chefe da ONU pede que líderes trabalhem por acordo na COP29
20:54 | Nov. 17, 2024
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo neste domingo (17) aos líderes do G20 que se reunirão entre segunda e terça-feira no Rio de Janeiro. Pediu que assumam sua "liderança" a fim de alcançar um acordo na COP29 em Baku, pois o "fracasso não é uma opção" diante do aquecimento global.
"É hora de dar o exemplo com a liderança das maiores economias e maiores emissores de poluentes. O fracasso não é uma opção. Um resultado bem-sucedido na COP29 ainda é possível, mas exigirá liderança e compromisso do G20", disse Guterres em coletiva de imprensa após chegar ao Rio.
A questão do financiamento dos programas contra as mudanças climáticas domina os esforços das negociações na conferência da ONU em Baku, no Azerbaijão, considerada chave na corrida contra o relógio para evitar o aumento da temperatura global.
Após quase uma semana de intenso diálogo, há poucos avanços sobre como mobilizar 1 trilhão de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir sua dependência do petróleo e se adaptar aos desastres climáticos.
Mas o impasse pode ser resolvido com as conversas paralelas que ocorrem no Rio, que esta semana reúne os líderes das 20 principais economias do planeta, indicou uma fonte diplomática à AFP. Os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões mundiais de gases poluentes.
Guterres exortou aos líderes do G20 que "deem instruções claras aos negociadores em Baku para que cheguem a um acordo absolutamente essencial sobre o novo objetivo financeiro global".
Os países em desenvolvimento reivindicam 1,3 trilhão de dólares por ano até 2030 para combater as mudanças climáticas. As potências europeias, por sua vez, pressionam para que grandes nações emergentes, como Brasil, Índia e Turquia, também contribuam para enfrentar os problemas ambientais em países de baixa e média renda.
Mas esses países se opõem à ideia. O Brasil, por exemplo, argumenta que os países desenvolvidos são os principais responsáveis históricos pelas emissões de gases poluentes.
"O comunicado dos líderes do Rio vai marcar o tom desta segunda e crucial semana em Baku", afirmou à AFP Oscar Soria, diretor da ONG Common Initiative, voltada para economia e políticas públicas sobre o clima. "Claramente, essa negociação precisa ser resolvida no Rio, não em Baku", acrescentou.
- Fazer "o dever de casa" -
A ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, disse neste domingo que é fundamental que os membros do G20 "façam o dever de casa", referindo-se à necessidade de avançar nas negociações em Baku.
"Sem financiamento, tudo aquilo que nós estamos deliberando e criando (...) não vai acontecer", destacou Silva durante o Global Citizen, um evento sobre mudanças climáticas realizado no Rio à margem do G20.
No mesmo fórum, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, manifestou-se a favor do objetivo de triplicar as energias renováveis em nível mundial até 2030.
"Isto significaria uma redução de 10 bilhões de toneladas de emissões de CO2 até 2030. Seria, portanto, um grande passo à frente", afirmou.
A UE é o maior contribuinte para as finanças climáticas. Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram que elevaram sua contribuição para combater a crise climática para 11 bilhões de dólares anuais em 2024.
O anúncio ocorreu antes de uma visita simbólica do presidente Joe Biden à Amazônia, sua última viagem à América do Sul antes de entregar a presidência ao republicano Donald Trump, um cético das mudanças climáticas.
"Os Estados Unidos cumpriram sua promessa histórica de aumentar sua contribuição para o financiamento contra as mudanças climáticas para mais de 11 bilhões de dólares anuais em 2024, o que os torna o maior contribuinte bilateral do mundo", declarou a Casa Branca em um comunicado.
No entanto, os esforços do segundo país mais poluente do planeta podem ser em vão com o retorno de Trump, que prometeu abandonar novamente o Acordo de Paris, como fez durante seu primeiro mandato.
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