China estuda resistência de tijolos no espaço para construir base na Lua
17:14 | Nov. 15, 2024
A China enviou, nesta sexta-feira (15), amostras de tijolos ao espaço em um foguete, para submetê-las a testes e determinar se seria possível construir uma base na Lua fabricando outros tijolos com o próprio solo lunar.
O foguete de carga decolou no fim da noite de sexta-feira, pelo horário local, rumo à estação espacial chinesa Tiangong, que orbita entre 400 e 450 km da Terra, no contexto da missão de enviar seres humanos à Lua até 2030 e construir uma base permanente no satélite em 2035.
"A China lançou na noite de sexta-feira a nave de carga Tianzhou-8 a partir do centro de lançamento de satélites de Wenchang [no sul] para entregar suprimentos à sua estação espacial Tiangong", informou a agência de notícias estatal Xinhua, citando a agência espacial chinesa.
A China investiu bilhões de dólares em seu programa espacial nas últimas décadas, com o objetivo de alcançar Estados Unidos e Rússia.
Várias amostras de tijolos de diferentes composições serão submetidas a condições extremas, semelhantes às da Lua.
"O principal objetivo é expô-los ao espaço", declarou à AFP Zhou Cheng, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, em Wuhan (centro), cujo time de pesquisadores desenvolveu os tijolos.
"Colocaremos os tijolos fora da estação espacial e os deixaremos expostos aos elementos para ver se o desempenho deles se deteriora ou não", explicou.
Qualquer material na Lua terá que suportar condições extremas, começando pelas drásticas variações de temperatura, que podem ir de -190 ºC a +180 ºC.
Além disso, a Lua não possui uma atmosfera para protegê-la, por isso recebe grandes quantidades de radiação cósmica e micrometeoritos. Os sismos lunares também podem enfraquecer as estruturas construídas sobre o solo lunar.
- Tijolos de "lego" -
Zhou Cheng e seus colegas desenvolveram uma técnica que permite fabricar diferentes tipos de tijolos com materiais disponíveis na Terra, como o basalto.
A equipe se inspirou no material recolhido pela sonda chinesa Chang'e 5, que, no final de 2022, foi a primeira missão do mundo em quatro décadas a trazer de volta solo lunar.
Esses tijolos, de cor preta, são três vezes mais resistentes que tijolos padrão e podem ser encaixados uns nos outros, eliminando a necessidade de aglutinantes, o que seria um desafio na Lua, indicou Zhou Cheng.
Os pesquisadores também projetaram um robô de impressão 3D para construir habitats.
"O objetivo no futuro é utilizar recursos in loco, como o solo lunar, para realizar diferentes tipos de construções", explicou o professor.
Fabricar tijolos diretamente na Lua é algo que "evidentemente precisa ser tentado", pois "é muito mais barato usar materiais disponíveis no local do que ter que enviá-los da Terra", afirmou à AFP Jacco van Loon, professor de astrofísica na Universidade de Keele, no Reino Unido.
O experimento chinês "tem muitas chances de sucesso e os resultados pavimentarão o caminho para a construção de bases lunares", considerou.
Outros países que também buscam construir uma base lunar estão tentando criar tijolos que imitem o solo do satélite natural da Terra.
No âmbito do programa Artemis da Nasa, que espera levar novamente seres humanos à Lua em 2026, pesquisadores da Universidade da Flórida Central estão testando tijolos fabricados com impressoras 3D.
A Agência Espacial Europeia (ESA) realizou estudos sobre como montar tijolos inspirados na estrutura das peças de Lego.
A iniciativa da China, chamada Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS, na sigla em inglês), é um projeto conjunto com a Rússia.
Participam do projeto uma dezena de países, entre eles Venezuela, Tailândia, Paquistão e Senegal, além de cerca de quarenta organizações estrangeiras, segundo informações de veículos oficiais.
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