Santo Graal dos naufrágios? Tesouro de mais de R$ 100 bilhões é disputado por 4 povos ao redor do mundo

Colombianos, espanhóis, norte-americanos e povos indígenas da América do Sul requerem parte do tesouro naufragado há mais de 300 anos. Entenda

Histórias marítimas desde sempre aguçaram a curiosidade do homem, ainda mais envolvendo tesouros e fortunas perdidas. Mas, para além do imaginário popular, uma fortuna naufragada há mais de 300 anos e estimada em mais de R$ 100 bilhões é o centro de uma disputa de décadas entre quatros povos ao redor do mundo. 

Na América do Sul, mais precisamente na costa da Colômbia, o galeão San José, que já chegou a ser definido como o "Santo Graal dos naufrágios", é o cerne de uma disputa entre colombianos, espanhóis, povos indígenas da Bolívia e norte-americanos. Mas quem seria o verdadeiro dono de tamanha fortuna?

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No fundo do mar há mais de 300 anos, San José carrega consigo riqueza avaliada em mais de R$ 100 bilhões

Em 8 de junho de 1708, o San José se dirigia à cidade de Cartagena, na Colômbia, para fazer uma última parada antes de se dirigir à Europa. O navio era de propriedade da Espanha e carregava consigo grandes quantidades de ouro, prata e esmeraldas subtraídas das colônias espanholas na América Latina.

Na época, uma guerra na no continente europeu colocou Espanha e Inglaterra em conflito. O plano dos ingleses consistia em saquear todas as pedras preciosas que estavam dentro do San José.

No auge do conflito, um navio inglês disparou uma bala de canhão no armazém de pólvora a bordo do San José, fazendo com que a embarcação explodisse e naufragasse em poucos minutos, matando cerca de 600 pessoas. Toda a grande quantidade de riquezas presente no navio foi parar no fundo do oceano.

Tesouro do San José é disputado por quatro povos e caso foi parar no Tribunal de Haia

Nos anos 1980, uma empresa de exploração dos Estados Unidos chamada Sea Search Armada anunciou ter encontrado o que sobrou dos galeão San José, bem como indícios do tesouro que carregava.

Em 2015, foi a vez do governo da Colômbia anunciar que haviam descoberto os destroços do navio num local diferente do que fora inicialmente informado pelos EUA.

Desde então, colombianos argumentam que a Sea Search Armada não têm quaisquer direitos sobre o navio ou ao tesouro lá presente.

Tempos depois, foi a vez dos espanhois entrarem na briga. O país europeu diz que tanto o San José, quanto as pedras preciosas são de propriedade do governo da Espanha.

Por sua vez, grupos indígenas originários da Bolívia e do Peru argumentam que parte do tesouro do San José pertence a eles, uma vez que toda a riqueza é fruto de exploração e saques feitos pela Coroa Espanhola ainda durante o período colonial.

“Essa carga pertence ao nosso povo”, diz Samuel Flores, líder indígena boliviano em entrevista à BBC. Samuel destaca especialmente que as cargas de pedras preciosas foram retiradas à força das colônias por meio do massacre dos povos originários. 

Todo o processo sobre a “guarda do San José” foi parar no Tribunal Internacional de Haia, sediado nos Países Baixos. A empresa Sea Search Armada estima que mais de R$ 98 bilhões em ouro, prata e esmeraldas estejam naufragados junto ao navio.

O valor, contudo, pode ser muito maior a depender do destino final dos artefatos, pedras preciosas e moedas de prata e ouro.

Milhares de moedas douradas dividem espaço com destroços e restos de esqueletos no campo de escombros do San José na costa da Colômbia.

O arqueólogo marinho Rodrigo Pacheco Ruiz, em entrevista a BBC de Londres, defende que os destroços de San José fiquem onde estão. “Trazer os tesouros para a superfície os torna apenas uma pilha de coisas sem história para contar”, diz o pesquisador.

Em meio a todo o imbróglio envolvendo as partes interessadas nas riquezas do San José, Ruiz segue argumentando que todo o ouro, prata e esmeraldas do San José permaneçam no fundo do mar. Ele critica qualquer uso ou prospecção de "valor comercial" para as riquezas do navio e defende "uso único e exclusivamente científico”.

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